Cientistas suecos constataram um aumento considerável na incidência de insuficiência cardíaca em pessoas com baixos níveis séricos de selénio, um micronutriente essencial.

Agora, há ainda mais motivos para tentar garantir uma ingestão adequada de selénio. Cientistas da Universidade de Lund na Suécia, constataram que as pessoas com défice de selénio têm maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca – mesmo sem antecedentes de doença cardíaca.

O novo estudo1, publicado na publicação científica Free Radical Biology and Medicine, abrangeu 4.803 homens e mulheres, todos participantes no grande estudo populacional sueco, Malmö Förebyggande Medicin. Os investigadores analisaram os níveis séricos de selénio e cruzaram-nos com a prevalência de insuficiência cardíaca.

O dobro do risco

“O nosso estudo mostra que há uma relação entre baixos níveis de selénio e o aumento do risco de insuficiência cardíaca, durante um período de acompanhamento de 15 anos. Nos 20% de participantes com a concentração de selénio mais baixa, o risco era o dobro do risco comparativamente os que tinham mais selénio”, afirma a post doc, Amra Jujic, que coordenou o estudo.

A equipa de cientistas sueca já conhecia, de investigação anterior, o papel do selénio na saúde do coração.

“Já em 2019, a nossa equipa de investigação demonstrou que a carência de selénio está relacionada com um pior prognóstico em doentes já diagnosticados com insuficiência cardíaca”, afirma o médico-chefe e cardiologistas no Skånes Universitetssjukhus, Martin Magnusson, co-autor do novo estudo

Corrobora achados anteriores

O estudo corrobora uma investigação anterior coordenada pelo Professor Urban Alehagen, cardiologista sueco. Em colaboração com um grupo de colegas investigadores, Alehagen demonstrou que idosos saudáveis, que tomaram um suplemento diário de selénio, durante cinco anos, tinham um risco 54% inferior de morte por doença cardiovascular, comparativamente com os que tomaram placebo. Além dos comprimidos de selénio (SelenoPrecise), os participantes do grupo de tratamento activo tomaram cápsulas com coenzima Q10, uma substância idêntica a vitaminas.

O estudo, que foi publicado em 2013 no International Journal of Cardiology, também mostrou que o funcionamento do músculo cardíaco dos participantes que tomaram selénio e coenzima Q10 melhorara consideravelmente. Isto foi demonstrado por ecocardiografia, entre outros.

Os especialistas recomendam um aumento da dose de selénio

Recentemente, as Recomendações Nórdicas de Nutrientes2 foram actualizadas e a dose recomendada de selénio foi aumentada em 50%. Segundo as novas orientações, os homens precisam de 90 microgramas diários de selénio, enquanto as mulheres precisam de 70. Para os europeus em geral, é difícil chegar a esta dose porque o solo agrícola é relativamente pobre em selénio em extensas regiões da Europa.

Fonte:

1Free Radical Biology and Medicine, Volume 207, October 2023, Pages 11-16

(https://doi.org/10.1016/j.freeradbiomed.2023.07.007)

2https://pub.norden.org/nord2023-003/selenium.html