O cancro do pulmão é a principal causa de morte por doença oncológica a nível mundial, sendo ainda responsável pelo maior número de anos vida e de vida útil perdidos. Em Portugal, apesar de ser o quarto mais frequente (cerca de 5000, ou seja, 15% do total), é o cancro de maior letalidade: apenas menos de 20% dos doentes estão vivos após cinco anos de diagnóstico da doença.

Artigo da responsabilidade do Prof. Rui Dinis. Professor Associado da Universidade de Évora e Diretor de Serviço de Oncologia Médica – HESE

 

PRINCIPAIS CAUSAS

O tabagismo é o principal fator de risco do cancro do pulmão, estando envolvido em mais de 80% dos casos. São mais de 7000 químicos enrolados num cigarro ou num charuto, dos quais pelo menos 70 comprovadamente cancerígenos, que aumentam a probabilidade da doença em mais de 15 vezes, incluindo nos fumadores passivos.

O radão nas habitações, um gás natural resultante da decomposição do urânio no solo e rochas, contribui para cerca de 9% das mortes por cancro do pulmão. Como não pode ser visto, provado ou cheirado, é um inimigo quase impossível de ser identificado e controlado.

Outras causas importantes são a inalação de fibras de amianto – principal causa ocupacional de cancro do pulmão – e a poluição da atmosfera por partículas finas, sobretudo em cidades de grande tráfego automóvel.

SINTOMAS TARDIOS

Quanto ao modo de apresentação, não temos boas notícias. A maioria das pessoas com cancro do pulmão não terá quaisquer sintomas até o cancro ser muito avançado. Será necessário, contudo, estar atento a qualquer tosse que não desaparece ou expele sangue, uma dor nova do tórax, dificuldade em respirar ou pneumonias de repetição.

Por conseguinte, prevenir e diagnosticar precocemente são as medidas mais efetivas para controlar o cancro do pulmão.

QUE CONSELHOS PODEMOS, ENTÃO, DIFUNDIR?

Não fumar – se por um lado um só cigarro aumenta o risco, a cessação tabágica em qualquer idade diminui-o; monitorizar os níveis de radão, incentivando o arejamento de casas e locais de trabalho; e pugnar pela qualidade do ar como uma prioridade para a saúde pública.

O único teste de rastreio recomendado para o cancro do pulmão é a tomografia computadorizada de baixa dose, estando indicada para adultos com elevado risco pela história de tabagismo e idade.

CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO

A campanha “O Cancro do Pulmão Não Tira Férias”, uma iniciativa da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF (GRESP), Pulmonale e Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), em parceria com a AstraZeneca, com o apoio da Rede Expressos, que prevê várias ativações em mupis digitais de norte a sul do país, em lugares como estações de comboios, estações de serviço, autocarros, metro Porto e Lisboa e centros comerciais, tem como objetivo sensibilizar para os principais fatores de risco (tabagismo ativo ou passivo; exposição a amianto ou radão; exposição a poluição, agentes químicos ou radioativos; história familiar de doença oncológica).

Encha os pulmões de bom ar e previna o cancro do pulmão!