De acordo com um novo estudo sueco-alemão, medir os níveis de selénio no sangue em doentes com cancro da mama pode ajudar os médicos a avaliar quais os doentes com pior prognóstico. Aparentemente, este oligoelemento essencial tem um impacto determinante na taxa de sobrevivência ao cancro e no risco de reincidência.

Normalmente, quando o médico está a avaliar o prognóstico um doente com cancro da mama, tem em conta o número de linfonodos afetados e o tamanho do tumor. Contudo, de acordo com um novo estudo, medir os níveis de selénio no sangue do doente pode ajudar a melhorar a avaliação.

O selénio é um oligoelemento essencial que obtemos a partir de várias fontes alimentares, e apoia uma série de enzimas específicas – também conhecidas como selenoproteínas – que ajudam a proteger as células contra oxidações indesejáveis, a divisão celular descontrolada e o cancro.

Níveis mais altos de selénio significam melhor proteção

Cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, conduziram o estudo em colaboração com investigadores de várias universidades na Alemanha. Mediram os níveis de selénio no sangue de 1.996 mulheres recentemente diagnosticadas com cancro da mama invasivo.

Os cientistas analisaram especificamente o selénio total, a selenoproteína P (SELENOP) e a glutationa peroxidase (GPx3). Os três marcadores de selénio foram inversamente correlacionados com a taxa de sobrevivência e a incidência de cancro. Ou seja, os doentes com níveis mais altos de selénio, selenoproteína P e glutationa peroxidase tiveram uma hipótese substancialmente maior de sobreviver e um risco muito menor de  incidência do cancro.

Protege as células contra o stress oxidativo

A taxa de sobrevivência foi aproximadamente 50% maior nos doentes que tinham os níveis mais altos de selénio e os níveis mais altos de selenoproteína P e GPx3. Além disso, os cientistas observaram que a baixa atividade da GPx3 foi associada a um risco aumentado de  incidência do cancro. O GPx3 é um dos antioxidantes mais importantes do organismo e tem uma série de funções essenciais, como proteger as células contra os radicais livres prejudiciais que podem causar stress oxidativo.

O cancro da mama é uma doença normalmente associada a níveis elevados de radicais livres potencialmente prejudiciais.

A Europa tem níveis baixos de selénio

O cancro da mama é uma doença com muitos factores de risco, como a disposição genética e os níveis de estrogénio. De acordo com o novo estudo, à semelhança do que já tinha sido demonstrado anteriormente noutras investigações, o selénio também desempenha um papel importante nesta área.

Os níveis de selénio nas solos agrícolas europeus são baixos, o que significa que os europeus geralmente obtêm pouco selénio a partir dos alimentos, em comparação com pessoas de outras partes do mundo onde os níveis de selénio são mais elevados. Cada vez mais pessoas optam por tomar um suplemento de selénio apenas para prevenção e para garantirem que obtêm quantidades suficientes deste nutriente, que suporta as mais de 25 selenoproteínas dependentes de selénio no corpo.

A levedura de selénio tem o melhor efeito

O selénio está disponível nas formas orgânica e inorgânica. Estudos mostram que as formas orgânicas de selénio são mais facilmente absorvidas e utilizadas pelo organismo. Foi por esta razão que os cientistas escolheram, para o estudo KiSel-10, uma levedura de selénio única, com uma variedade de compostos de selénio orgânico. O estudo foi publicado no International Journal of Cardiology e mostrou claramente que a suplementação com selénio reduziu a mortalidade cardiovascular em homens e mulheres.

Fonte:

Serum selenium, selenoprotein P and glutathione peroxidase 3 as predictors of mortality and recurrence following breast cancer diagnosis: A multicentre cohort study

Redox Biology, 2021, 21st of September