A Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson (APDPk) vai assinalar o Dia Mundial da Doença de Parkinson (11 de abril) com uma conferência online que tem como objetivo responder às principais dúvidas de quem lida com esta doença. Em plena pandemia, a associação alerta ainda para as consequências do aumento de quedas durante o confinamento, uma das principais razões pelas quais os doentes de Parkinson são hospitalizados.
“Com a pandemia e a maior dificuldade no acesso aos médicos, têm vindo a surgir muitas questões relacionadas com esta doença. Como tal, e como neste momento não é possível realizar sessões presenciais, optámos por nos afastar do modelo habitual e decidimos ir ao encontro dos nossos associados por via digital”, explica Ana Botas, presidente da APDPk.
Até dia 19 de março, a associação esteve a recolher as dúvidas mais frequentes relacionadas com a doença de Parkinson e que tenham surgido durante o período pandémico. Para esclarecer estas questões, a associação conta com o apoio do Prof. Dr. Rui Vaz e da Dra. Maria José Rosas, respetivamente neurocirurgião e neurologista do Centro Hospitalar e Universitário de São João no Porto, numa sessão que será lançada no website da APDPk no dia 11 de abril.
O contexto pandémico trouxe desafios que, mediante a capacidade hospitalar, se procuraram minimizar para garantir o melhor tratamento possível destes doentes, procurando manter, sempre que possível, as cirurgias de estimulação cerebral profunda (DBS) para tratamento da doença de Parkinson.
“Esta iniciativa surge no sentido de melhorar o esclarecimento sobre a doença, mas também sobre os tratamentos disponíveis para quem vive com Parkinson”, explica Rui Vaz, neurocirurgião no Centro Hospitalar e Universitário de São João, acrescentando: “No nosso hospital, consideramos muito importante esta proximidade com a APDPk. Os hospitais têm de estar virados para fora e têm de estar em sintonia com as associações. Além de uma função assistencial no tratamento dos doentes, há também uma outra função no hospital: a de prestar esclarecimentos aos doentes”.
E “estas ações são importantes para garantir que os pacientes têm consciência da doença, das medicações e dos apoios que podem ter. Sendo realizadas online, torna-se ainda mais fácil e cómodo chegar a estas pessoas, que acabam por conseguir ver algumas das suas questões esclarecidas”, refere Maria José Rosas, neurologista no Centro Hospitalar de São João.
“Infelizmente, não conseguimos responder a todas as dúvidas, mas fizemos questão de abordar as mais frequentes. E mesmo que não tenham perguntado nada, é importante assistir à sessão, porque, por vezes, as questões dos outros são também as nossas”, apela Ana Botas, que explica que “neste tempo, durante o qual o acesso à rua está mais limitado, há um agravamento de quedas, sendo que o confinamento, o aumento da ansiedade, a falta de exercício físico e acesso à rua agravam a qualidade de vida destes doentes”.
Ainda de acordo com Ana Botas, isto acontece, porque “a falta de atividade física acaba por provocar uma maior atrofia muscular. Consequentemente, haverá uma maior probabilidade de queda, sendo esta a principal razão pela qual as pessoas dão entrada no hospital e uma das principais causas de morte”, acrescenta.
Para contrariar esta tendência, a associação tem ainda em andamento vários projetos de apoio psicológico e fisioterapia que se destinam a doentes e cuidadores. O objetivo passa por colmatar a falta de sessões de fisioterapia e apresentar estratégias para lidar com a depressão e ansiedade.
Além disso, a APDPk mantém ainda em andamento o projeto “Lado a Lado”, que engloba videochamadas via Zoom ou chamadas telefónicas de apoio gratuitas para associados, sendo que existe inclusivamente a opção de receber exercícios por correio para garantir que as pessoas que não têm acesso às novas tecnologias conseguem prevenir as consequências do confinamento.
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