Para a grande maioria das pessoas, a primavera é a estação da beleza; para alguns, no entanto, é uma época de grande desconforto e uma verdadeira ameaça ao seu bem-estar. É preciso estar preparado!
Os especialistas definem a alergia como uma reação excessiva do organismo humano, provocada por substâncias que este reconhece como nocivas, apesar de, na realidade, não o serem. No indivíduo alérgico, produz-se uma resposta exagerada do seu sistema imunitário face a diversos alérgenos, o que desencadeia uma reação nociva, que se caracteriza pela elaboração de uma proteína chamada imunoglobulina E – ou IgE.
O pólen de certas espécies vegetais, propagado pelo vento, é o responsável pelas chamadas alergias primaveris, que começam a manifestar-se a partir de agora. O pólen é o alérgeno mais comum no nosso meio, de tal modo que, se se fizessem testes diagnósticos a toda a população, provavelmente 20% das pessoas teriam resultariam positivos com o pólen ou apresentaria no sangue anticorpos específicos contra o pólen das gramíneas – grupo de plantas monocotiledóneas, a que pertencem os cereais – e outras plantas. Felizmente, nem todas as pessoas sofrem os sintomas: é aquilo que os especialistas denominam de sensibilização assintomática.
Diferentes manifestações
Em rigor, não se pode falar de uma manifestação alérgica, já que a reação alérgica não é única. Pode manifestar-se de diferentes formas, em diferentes partes do corpo e com maior ou menor intensidade.
Os especialistas classificam as manifestações alérgicas mais comuns de acordo com a zona afetada:
Mucosa conjuntiva – Lacrimejo, ardor nos olhos e avermelhamento;
Mucosa nasal – Espirros, secreção aquosa ou entupimento do nariz; e
Pele – Urticária, inchaço e dermatite.
É, ainda, necessário acrescentar outra manifestação, a mais grave, o chamado choque anafilático, no qual não só se associam sintomas cutâneos, respiratórios e digestivos, como também se produz uma quebra brusca da tensão arterial, que pode comprometer a vida do doente.
Mas tão grave consequência raramente ocorre em pessoas alérgicas ao pólen. Nestes pacientes, os sintomas mais frequentes são a rinoconjuntivite – isto é, a irritação das mucosas dos olhos e do nariz – e, nalguns casos, a asma alérgica.
A rinoconjuntivite não é uma perturbação grave, mas torna-se muito incómoda de suportar: durante cerca de três meses por ano – em geral, de março a maio –, os constantes lacrimejos, picadas e espirros dominam o dia a dia destas pessoas. Quando esta perturbação é devida ao pólen, também a asma alérgica não é grave, dado que apenas afeta aqueles que, além de serem alérgicos, sofrem de hiper-reatividade brônquica.
Prevenção e tratamento
Os sintomas da alergia ao pólen podem ser perfeitamente controlados com a administração de medicamentos, sendo também possível prevenir esses sintomas mediante extratos hipo-sensibilizantes.
As medidas de controlo também constituem outra forma de prevenção, com as quais se procura afastar o doente da fonte antigénica, embora sejam difíceis de levar a cabo e a sua eficácia nunca seja completa.
Os sintomas nasais e conjuntivos podem controlar-se com anti-histamínicos e, no caso de não serem suficientes, podem associar-se outros fármacos, nomeadamente esteroides tópicos ou anti-inflamatórios de tipo corticoide; se o doente também sofre de asma, empregam-se broncodilatadores, de forma regular.
Geralmente, os alergologistas procuram utilizar as citadas substâncias de forma tópica ou local, através do uso de colírios, aerossóis nasais ou inaladores brônquicos, dado que são mais práticos e eficazes, permitindo que o medicamento chegue diretamente ao local onde se produz a reação alérgica e evitando os efeitos secundários no resto do organismo.
A outra grande ferramenta terapêutica é a denominada imunoterapia. Trata-se de uma técnica que se baseia na injeção regular dos alérgenos, em doses crescentes, com o objetivo de conseguir que o doente os vá tolerando cada vez melhor.
O tratamento com imunoterapia específica é de longa duração; prolonga-se, em média, durante três anos. A hipo-sensibilização nem sempre é eficaz, mas nas alergias aos pólenes obtiveram-se resultados muito bons.
Após dois ou três anos de tratamento, estes doentes conseguem passar a primavera sem quaisquer problemas, enquanto antes necessitavam de tratamento quase diário, durante dois ou três meses seguidos.