Num mundo cada vez mais digitalizado, as crianças e adolescentes enfrentam um desafio crescente: a dependência dos jogos online e das redes sociais. Que podem e devem os pais fazer?

Artigo da responsabilidade do Dr. Alexandre Bogalho. Psicólogo Clínico. Neuropsicólogo de Hospitais Privados.

 

Enquanto a conetividade instantânea oferece possibilidades infinitas e sem precedentes para interação e entretenimento, também traz consigo armadilhas alarmantes. Nesta conjuntura, é essencial compreender os sinais de alerta e adotar estratégias eficazes para lidar com a dependência digital das crianças e adolescentes, garantindo assim um equilíbrio saudável entre o mundo online e o mundo real.

EPICENTRO DAS INTERAÇÕES SOCIAIS

A ascensão vertiginosa da tecnologia e das redes sociais trouxe consigo um fenómeno alarmante: a crescente dependência de crianças e adolescentes nos jogos online e nas plataformas digitais.

Em tempos marcados pela pandemia, onde as atividades extraescolares foram limitadas e o isolamento social se tornou uma realidade quotidiana, os jovens encontraram refúgio nos universos virtuais; porém, esse refúgio transformou-se em embuste inquietante.

As redes sociais tornaram-se o epicentro das interações sociais, transformando a forma como os mais jovens se relacionam. Contudo, essa digitalização das relações sociais nem sempre é inofensiva. À medida que mais e mais atividades migraram para o mundo virtual, a dependência da internet tornou-se um risco significativo para o bem-estar emocional das crianças e adolescentes.

TENDÊNCIA PREOCUPANTE

Os relatos dos clínicos são unânimes: os pedidos de ajuda aos serviços de Psicologia e Pedopsiquiatra dos hospitais públicos e privados não param de aumentar. A dependência digital, que abrange desde videojogos a redes sociais, está a crescer de forma exponencial, levando muitos jovens a perderem-se nas teias digitais, desligando-se do mundo à sua volta e negligenciando as suas responsabilidades quotidianas.

Para alguns, a pandemia serviu como um catalisador, aprofundando ainda mais a sua adição do mundo online, à medida que se afastavam cada vez mais da realidade física e se refugiavam nos ecrãs dos seus dispositivos.

O vício digital não é apenas uma questão de passatempo: é um problema que pode comprometer seriamente a saúde mental e as relações interpessoais dos jovens. O aumento alarmante do tempo online, especialmente entre as jovens, de acordo com os dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), reflete uma tendência preocupante que não pode ser ignorada.

É CRUCIAL ESTAR ATENTO

Existem sinais de alerta que podem indicar uma dependência digital em desenvolvimento. Desde o isolamento social até à negligência de atividades importantes, é crucial estar atento a qualquer mudança significativa no comportamento das crianças e adolescentes. Reconhecer esses sinais e procurar ajuda profissional é fundamental para lidar com o problema de forma eficaz.

O apoio psicológico especializado desempenha um papel vital na compreensão das causas subjacentes à dependência digital e no desenvolvimento de estratégias para lidar com ela. Incentivar atividades offline, promover relações sociais presenciais e educar sobre segurança online são passos essenciais para promover um uso equilibrado da tecnologia.

No tratamento desta adição, o apoio profissional clínico é fundamental, porém, muitas vezes defrontamo-nos com a iliteracia digital, o que dificulta a procura de ajuda e a compreensão de que se trata de um problema clínico grave.

Leia o artigo completo na edição de junho 2024 (nº 350)