Até há muito pouco tempo, a violência na intimidade era considerada um assunto privado, tanto pela sociedade, como pela justiça. Felizmente, hoje em dia, cada vez mais se fala da violência doméstica e da violência contra as mulheres, mas é igualmente importante – ou até mais – que se sensibilize para a violência entre jovens numa fase de namoro.

Artigo da responsabilidade da Dra. Catarina Lucas. Psicóloga/sexóloga e diretora clínica do Centro Catarina Lucas

 

A violência pode tomar várias formas: tanto pode ser física, como psicológica, emocional, verbal, económica e/ou sexual. O objetivo da pessoa que agride é sempre o de controlar, isolar, tornar o outro frágil e inseguro.

Numa fase em que a autoestima e personalidade dos jovens se encontra em construção e formação, a vivência de relacionamentos interpessoais saudáveis é um fator de extrema importância.

A gravidade da ocorrência de violência entre pares e, especialmente, na relação de namoro, estende-se até à idade adulta, com danos significativos ao nível emocional e dificuldades no estabelecimento de relações afetivas, bem como no reconhecimento dos limites dentro dessas mesmas relações.

COMPREENDER O QUE É A VIOLÊNCIA

O medo da rejeição é enorme e esta é uma fase em que uma rejeição tem um impacto avassalador para os jovens. É comum que o jovem fique refém desse medo e desse suposto sentimento. Comportamentos de controlo e ciúme passam a ser considerados normais e demonstrativos de afeto, o que apenas vai alimentando a escalada de violência.

É, por isso, importante que se comece por compreender o que é a violência no namoro e como se manifesta. Esta acontece quando, no contexto das relações de namoro, um dos parceiros – ou até mesmo os dois – recorre à violência com o objetivo de marcar a sua posição como um lugar de dominância, poder e controlo.

Os pais, muitas vezes colocados em segundo plano pelos jovens nesta fase, têm um papel fundamental na deteção da situação e no apoio ao jovem. Mesmo que a adolescência seja uma fase difícil na relação entre pais e filhos, estes continuam a ser o porto seguro dos filhos, aqueles com quem eles sabem que podem contar e que tudo farão para os proteger.

SINAIS DE ALERTA

Mas, a que devem os pais estar atentos nas relações amorosas dos seus filhos? Quais os comportamentos de risco e sinais de alerta?

Educar os nossos filhos a identificar os sinais de alerta – e que estas pessoas violentas e tóxicas nas relações existem – não é uma solução infalível. Não vai acabar com notícias de violência no namoro, porque a origem do problema é única e exclusivamente a pessoa violenta e tóxica. Esta necessita de outra abordagem e acompanhamento profissional, mas é nosso papel educacional fornecer as bases para que os nossos filhos consigam identificar dinâmicas relacionais vulneráveis na casa ao lado, no trabalho, nas amizades, na escola e na própria casa.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2025 (nº 357)