A Administração Regional de Saúde Norte (ARS Norte) acaba de anunciar a abertura de Bolsa de Contratação de Podologistas para 21 ACES da ARS Norte.

O Ministério da Saúde aposta na Consulta Multidisciplinar do Pé Diabético com integração da Podologia nos cuidados primários de saúde de forma a reduzir as taxas de amputação do pé diabético. A presença do podologista na consulta do pé diabético especializada na avaliação, orientação e prevenção de patologias do pé, assim como o seu tratamento, vai permitir reduzir inequivocamente esta catástrofe.

“O pé diabético é visto como a principal causa de amputação da extremidade inferior, mais do que uma complicação da diabetes, deve ser considerado como uma condição clínica complexa, que pode acometer os pés e/ou tornozelos de indivíduos diabéticos. Assim, pode reunir perda da sensibilidade dos pés, a presença de feridas complexas, deformidades, limitação de movimento articular, infeções, amputações, entre outras”, afirma o Dr. Manuel Portela, presidente da Associação Portuguesa de Podologia (APP)

A abordagem deve ser especializada e deve contemplar um modelo de atenção integral (consciencialização e educação, qualificação do risco, investigação adequada, tratamento apropriado das feridas, cirurgia especializada, aparelhamento customizado e reabilitação integral), objetivando a prevenção e a restauração funcional da extremidade. Dados epidemiológicos demonstram que o pé diabético é responsável pela principal causa de internamento do portador de diabetes.

A previsão para o ano de 2025 é de mais de 450 milhões de portadores de diabetes, destes, pelo menos 25% vão ter algum tipo de comprometimento significativo nos seus pés. Atualmente, estima-se que, mundialmente, ocorram duas amputações por minuto à custa do pé diabético sendo que 85% destas são precedidas por úlceras.

Estima-se que 15% dos doentes diabéticos desenvolvem uma úlcera nos membros inferiores durante os anos de doença e que 85% das amputações têm um historial de úlceras diabéticas. As complicações que ocorrem nos pés destes doentes vão proporcionar uma diminuição da qualidade de vida destes indivíduos e um grande custo aos serviços de saúde.

A taxa média de amputação do pé diabético em Portugal é de 5,4 por 100 mil habitantes. A zona Norte do país tem uma taxa de 3,4 /100 mil habitantes, de acordo com o Observatório Nacional da Diabetes.

Uma amputação no pé implica custos que podem atingir os 25 mil euros, estimando-se que os custos com as amputações em Portugal podem chegar aos 25 milhões de euros por ano. Despesas diretas com a cirurgia, reabilitação do pé e do doente, abstinência laboral e os transportes são os fatores que mais pesam no orçamento da Saúde e da Segurança Social com as amputações dos doentes diabéticos.

“Esta medida é um forte investimento na melhoria da saúde da população, especialmente dos doentes diabéticos, permitindo melhor mobilidade, menos incapacidade e certamente com menos amputações”, conclui o Dr. Manuel Portela.