A alimentação é uma das formas mais comuns e mais simples de gerir alguns dos sintomas da síndrome do intestino irritável (SII), apesar de não estar comprovada a eficácia de todas as dietas baixas em FODMAP e de diferentes pessoas reagirem de forma diferente à alteração da dieta.

Contudo, existem recomendações que podem melhorar a qualidade de vida destes doentes, não só ao nível da alimentação, como na alteração dos estilos de vida, garante a Dra. Carolina Ferreira, farmacêutica e membro do Movimento Intestino Feliz, uma iniciativa criada pela Ezfy, uma organização que reúne mais de 700 profissionais de saúde distribuídos por farmácias ao longo de todo o território nacional, em colaboração com a Biocodex.

O objetivo é ajudar os portugueses a gerir uma doença que ainda é pouco conhecida e que tem forte impacto no bem-estar físico e psicológico das pessoas. “O farmacêutico tem um papel muito importante no acompanhamento destes doentes, muitas vezes frustrados por tratamentos que não estão a corresponder às suas expectativas”, reforça.

“A nossa primeira recomendação é que os doentes se informem sobre todas as possibilidades de tratamento com o médico, inclusive sobre como melhorar o seu estilo de vida, e que se aconselhem também com um nutricionista, de preferência com experiência no tratamento e acompanhamento da SII”, explica a especialista.

A Dra. Carolina Ferreira salienta que a síndrome do intestino irritável é um distúrbio gastrointestinal funcional que afeta 10 a 25% das pessoas em todo o mundo e que, no nosso país, deve atingir mais de um milhão de portugueses. É duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. Os sintomas podem variar bastante de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são a dor, inchaço abdominal, excesso de gases e períodos de prisão de ventre ou diarreia.

De acordo com a farmacêutica, as causas da SII não estão ainda totalmente clarificadas. “Alguns estudos demonstram que o risco de desenvolver SII é cinco vezes maior após uma infeção bacteriana. Outros também sugerem uma possível interrupção na comunicação entre o cérebro e o intestino em conjunto com um desequilíbrio da microbiota intestinal”, esclarece. Daí a importância que determinados probióticos específicos podem ter na gestão dos sintomas associados à SII.

Na sua opinião, “é muito importante intervir na alimentação para identificar e excluir da dieta os alimentos que são mais propensos a desencadear crises” e, por isso, a farmacêutica e uma das impulsionadoras do Movimento Intestino Feliz partilha sete conselhos que podem aumentar a qualidade de vida dos doentese atenuar os efeitos indesejáveis desta doença. E explica ainda que nem todas as fibras são benéficas para quem sofre de SII.

7 CONSELHOS GERAIS PARA PACIENTES COM SII

1. Faça refeições regulares e coma devagar. Evite saltar refeições ou ficar períodos longos sem comer.

2. Beba pelo menos 8 copos de água (ou outro líquido, sem cafeína ou álcool) por dia.

3. Restrinja o consumo de chá e café a três por dia. Não convém tomar 3 cafés e 3 chávenas de chá num só dia, embora o consumo ideal de café e chá possa variar de pessoa para pessoa.

4. Reduza o consumo de álcool e bebidas gaseificadas. 5. Ajuste o seu consumo de fibras – fale com o seu nutricionista para saber qual a quantidade e que tipo de fibras é o mais adequado.

6. Limite o consumo de fruta a três porções por dia.

7. Tente evitar os açúcares e adoçantes, de forma geral.

NEM TODOS OS TIPOS DE FIBRA SÃO BENÉFICOS PARA PESSOAS COM SII

A fibra da fruta, dos vegetais, frutos secos, legumes e grãos integrais são o melhor combustível para a microbiota intestinal, ajudando a proteger a barreira intestinal, a melhorar a função imunitária e a prevenir a inflamação. Mas, para quem tem SII, nem todos os tipos de fibra podem ser benéficos.

A Dra. Carolina Ferreira explica que as fibras alimentares podem ser divididas entre solúveis e insolúveis, entre hidratos de carbono de cadeia curta ou de cadeia longa, do tipo fermentável ou não fermentável. A fibra insolúvel encontra-se principalmente nas hortaliças e outros hortícolas e nos cereais inteiros e seus derivados integrais. “Estas fibras ajudam a dar volume às fezes e a que estas retenham água suficiente para serem suaves e fáceis de passar, estimulando ainda a motilidade intestinal. Esta estimulação faz com que o tempo de exposição da parede do cólon a agentes potencialmente nocivos seja menor”, frisa.

A fibra solúvel encontra-se sobretudo nos frutos, hortícolas, leguminosas e alimentos contendo aveia, cevada ou centeio. Aumenta o tempo de absorção dos nutrientes no intestino delgado e a saciedade, e contribui para a redução do total de glicose e de colesterol absorvidos pelo intestino.

“Não comer fibra suficiente, ou comer em demasia pode piorar os sintomas da SII. O nutricionista pode recomendar o aumento da ingestão de fibra de forma a regular as fezes, reduzir dor abdominal e a presença exacerbada de gases no intestino. O aumento gradual da ingestão de fibra pode modificar, melhorar e, em algumas pessoas, eliminar os hábitos intestinais anormais e sintomas dolorosos associados à SII”, remata.

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