Muitos portugueses não estão familiarizados com a síndrome de Sjörgren. No entanto, esta pode ser mais comum do que se pensa. Ainda que não apresente características específicas, existem alguns sintomas que, quando ocorrem em simultâneo, indicam a presença da síndrome. Esta é uma situação que afeta maioritariamente a boca e os olhos, podendo manifestar-se em todo o corpo, e é mais comum em mulheres com mais de 40 anos. Mas em que consiste, então?
Artigo da responsabilidade da Dra. Ana Jácome, médica de Medicina Dentária da Malo Clinic Lisboa
Esta condição autoimune e crónica é caracterizada pela diminuição das secreções glandulares, nomeadamente lágrimas e saliva, sendo este o sintoma mais comum. Mas existem mais alterações no corpo humano que podem indicar a presença desta patologia, sendo essencial que se realizem exames para confirmar o diagnóstico.
Além da secura ocular, a verificar pelo oftalmologista, e da secura bucal, a comprovar por um médico dentista com vários testes funcionais, também podem manifestar-se dores articulares associadas à artrite reumatoide, que devem ser confirmadas por um reumatologista ou médico internista. Existem ainda outros exames auxiliares de diagnóstico, como análises sanguíneas específicas a autoanticorpos, ou uma biópsia de uma glândula salivar acessória.
Importa referir que a medicina dentária tem um valioso papel nesta patologia, pois, como a saliva protege os dentes de bactérias que se podem vir a tornar prejudiciais, a probabilidade de desenvolver cáries aumenta quando a boca está seca e também se podem sentir algumas alterações no paladar e no hálito.
Ao nível do desenvolvimento da síndrome de Sjögren, esta pode evoluir de forma independente, como qualquer outro problema de saúde, ou associada a outras doenças reumáticas, como, além da artrite reumatoide, o lúpus.
Já em termos de causas, a doença pode estar ligada a questões genéticas, existindo pessoas com uma maior propensão para desenvolver condições autoimunes, ou com questões hormonais, sendo por isso que as mulheres são mais afetadas.
Como a doença é crónica e não tem cura, a melhor forma de contribuir para evitar o agravamento e aliviar os sintomas ao nível da boca é manter uma boa rotina de higiene oral e realizar visitas regulares ao médico dentista para que a saúde oral esteja cuidada. Os médicos dentistas têm um papel fundamental para o diagnóstico da síndrome e para a sua terapêutica. O objetivo é estar sempre alerta para sintomas de boca seca, de forma a haver um cuidado especializado que contribua para uma melhor qualidade de vida do paciente.
Desta forma, não existindo ainda uma terapêutica específica que trate esta síndrome, é necessária uma equipa multidisciplinar, com médicos de várias especialidades, que acompanhem e controlem a sua evolução. A medicina dentária deve ser, então, considerada no combate a esta síndrome, existindo alguns tratamentos e medicamentos que podem ajudar a estimular a produção de saliva, como os colírios, que são medicamentos líquidos.
Existem ainda outros cuidados que podem ser adotados e que contribuem para o atenuar dos sintomas, como beber água várias vezes ao dia para manter a boca húmida ou evitar bebidas ácidas, refrigerantes, café e álcool
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