A preservação da fertilidade permite a manutenção do potencial reprodutivo por tempo indeterminado, independentemente das razões que levaram a fazê-lo, deixando para mais tarde a decisão de concretizar ou não o projeto da parentalidade.

Artigo da responsabilidade da Enfª Rita Matias. Enfermeira certificada em procriação medicamente assistida

 

Nas últimas décadas, tem vindo a constatar-se um aumento significativo da média de idades com a qual se tem o primeiro filho, sobretudo nos países desenvolvidos.

Em Portugal, no ano de 2000, a média de idades da mãe, ao nascimento do primeiro filho, era de 26,5 anos. Em 2021, esta média subiu para 30,9. Uma diferença de quase cinco anos no espaço de duas décadas.

Esta tendência está frequentemente relacionada com fatores socioeconómicos. A busca de uma maior estabilidade financeira, profissional, conjugal ou mesmo emocional, são algumas das principais razões que levam os jovens a adiar os seus projetos de parentalidade. Esta decisão pode, contudo, trazer algumas consequências.

FERTILIDADE AMEAÇADA

A fertilidade da espécie humana é influenciada por uma série de fatores, sendo um dos primordiais a idade, sobretudo no que à fertilidade da mulher diz respeito.

Na mulher, por norma, o pico da fertilidade ocorre por volta dos 25 anos e, a partir dos 35, há uma diminuição acentuada da mesma. É, sobretudo, a partir dessa idade que se começa a verificar uma diminuição importante na qualidade dos óvulos. Nos homens, o avançar da idade traz também uma diminuição da qualidade do sémen. No entanto, é possível que se mantenham férteis até uma idade mais avançada.

Dadas as tendências e devido ao impacto que estas têm na fertilidade, o número de pessoas a recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida tem vindo a aumentar. De entre estas técnicas, a preservação da fertilidade poderá ganhar um papel de destaque, como forma de permitir o planeamento e concretização do desejo da parentalidade, apresentando-se, assim, como uma alternativa.

O QUE É A PRESERVAÇÃO DA FERTILIDADE?

A preservação da fertilidade consiste num conjunto de técnicas que permitem a colheita e armazenamento de gâmetas (células reprodutoras), embriões ou tecido dos órgãos reprodutores, para que possam ser utilizados no futuro, sendo a preservação de gâmetas a mais utilizada.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2023 (nº 334)