No próximo 16 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Coluna. Este dia pretende sublinhar o impacto que as doenças da coluna vertebral têm na vida das pessoas e das sociedades. As doenças da coluna vertebral têm grande prevalência na população e o grau de incapacidade por elas gerado implica custos significativos. Se muitas destas situações são benignas e autolimitadas, facilmente tratáveis com medidas conservadoras, há outras que são mais graves e que exigem tratamentos complexos.

Artigo da responsabilidade do Dr. Artur Teixeira. Coordenador da Secção da Coluna da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT)

 

 

Num planeta marcado por grandes desigualdades económicas, muitas das doenças que são quase referências históricas nos países desenvolvidos continuam a grassar e a afetar milhões de pessoas nos países em vias de desenvolvimento. Nestes, as más condições sanitárias e o difícil acesso aos cuidados de saúde explicam a grande prevalência de doenças infecciosas como a tuberculose, as sequelas da falta de tratamento atempado das deformidades da coluna nas crianças e as consequências do tratamento inadequado das lesões traumáticas da coluna.

Nos países desenvolvidos, a preocupação está mais centrada nas doenças ligadas ao envelhecimento da população. Não envelhecemos apenas na pele ou na cor do cabelo, mas também no esqueleto. O processo degenerativo na coluna, ou seja, o envelhecimento vertebral, leva frequentemente ao aparecimento de alterações anatómicas e de alinhamento da coluna, que podem condicionar compressão dos nervos ou da medula, alterações da postura, dor e diminuição da força e da sensibilidade nos membros. Estes problemas vão sendo mais frequentes à medida que a idade avança, mas podem começar a dar sintomas em pessoas relativamente jovens.

Contudo, a ciência e a tecnologia têm feito progressos fascinantes no sentido de um diagnóstico e tratamento mais fácil, seguro e acessível. As modernas técnicas de imagem permitem um diagnóstico cada vez mais rigoroso. As tecnologias da navegação e da robótica abrem todos os dias novos horizontes na indicação e na segurança cirúrgica. O crescente desenvolvimento das técnicas cirúrgicas minimamente invasivas vão garantindo uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, com um retorno mais precoce ao trabalho e às atividades diárias. O desenvolvimento de novos fármacos e modalidades de radioterapia têm sido decisivas no tratamento e na melhoria da qualidade e esperança de vida dos doentes com cancro ou metástases vertebrais.

Os fatores genéticos são fundamentais na evolução do processo de envelhecimento da coluna, mas a rapidez com que este se desenvolve e a incapacidade que gera pode ser modificada pelas opções de cada um. Evitar o sedentarismo, controlar o peso, abandonar o tabagismo, ter uma alimentação saudável e praticar exercício são orientações que devem ser repetidas até à exaustão. A sua eficácia na prevenção e no tratamento da doença degenerativa e da osteoporose têm evidência comprovada.

Neste sentido, o lema do Dia Mundial da Coluna de 2023 é “move a tua coluna” e tem como objetivo convocar uma grande mobilização internacional no sentido da promoção da atividade física, do combate ao sedentarismo e da sensibilização para a criação de condições mais saudáveis no trabalho.

A Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT) junta-se, assim, a esta iniciativa com o propósito de incentivar a população portuguesa a ser mais ativa e a ter hábitos que promovam uma coluna mais saudável.