O “design” associou-se à investigação científica e aos novos materiais, para conseguir as melhores soluções destinadas a pessoas com anomalias na visão. Graças a esta evolução, ter um defeito de refração deixou de ser problema.

 

Embora a sua origem seja difícil de datar, o uso de “vidros” para corrigir defeitos da visão terá começado em meados do séculos XIII, em Itália. Tratava-se de uns binóculos articulados, que se seguravam com a mão. No século XV, apareceu a ponte, um pequeno arco flexível, que permitia a colocação das lentes corretoras sobre o nariz. Um dos sistemas primitivos mais eficazes foi importado da China, pelos missionários jesuítas: a fixação às orelhas por uns cordões, que levavam uns pequenos pesos de metal. Dois séculos mais tarde, apareciam, finalmente, as hastes.

PROGRESSOS TECNOLÓGICOS

Embora os últimos anos tenham revelado um aumento da preferência por lentes de contacto, dada a sua comodidade, os óculos foram, durante muitos anos, a ferramenta mais utilizada para corrigir as anomalias visuais. Pessoas com a vista cansada, miopia, astigmatismo, etc., encontraram – e continuam a encontrar – nas lentes monofocais, bifocais ou progressivas a solução para as suas necessidades.

Para além do papel cada vez mais destacado das lentes progressivas – que permitem focar perfeitamente a todas as distâncias –, outras lentes também foram objeto de inovações assinaláveis. Cabe realçar o aparecimento das lentes de espessura reduzida, fabricadas em óxido de titânio. Graças a esta tecnologia, lentes de 20 dioptrias, por exemplo, parecem ter menos de 10. Consegue-se, desta forma, uma redução de 65%, sem perder qualidade ótica.

Os tratamentos antirreflexo constituíram, por seu lado, um dos avanços mais importantes para os utilizadores de computadores e outros monitores e profissionais que têm de trabalhar com luminosidade adversa. O objetivo deste tipo de lentes é eliminar os reflexos e aumentar o contraste, para reduzir o esforço do olho.

As armações também sofreram grandes progressos: hoje, o estado-da-arte são as armações de titânio, cuja leveza é extraordinária. Afinal, a uns óculos deve exigir-se que tenham umas boas lentes, que sejam leves, que a sua forma esteja de acordo com o rosto da pessoa e que não representem um estorvo para o trabalho que esta desempenha.

A GRANDE REVOLUÇÃO

As lentes de contacto são, inegavelmente, a inovação mais importante ocorrida na ótica, na última metade do século XX. Embora as primeiras lentes de material orgânico fossem fabricadas em 1948, pelo ótico norte-americano Kevin Tuohy, a génese do seu desenho remonta ao século XVI: Leonardo da Vinci desenhou várias formas de lentes de contacto, para modificar a visão. Mas é a Descartes que se deve, em 1636, a ideia de colocar uma lente diretamente sobre a superfície anterior da córnea, sem que existisse contacto. Estabeleceu, assim, o princípio das lentes: uns pequenos adminículos, que se colocam sobre a camada lacrimal que reveste a córnea, destinados a corrigir os erros refrativos do olhos. Foram necessários mais de 300 anos para que se começassem a fabricar lentes de contacto, tal como as conhecemos hoje, embora com diferentes materiais.

Leia o artigo completo na edição de outubro 2019 (nº 298)