Cerca de 10% dos casos de meningite meningocócica termina de forma fatal. Neste caso, como nos de outras doenças graves, não devemos arriscar. A aposta na vacinação é a melhor forma de prevenção.

 

Artigo da responsabilidade do pediatra Dr. António Brito Avô

 

Rara, mas muito grave, a meningite pode matar em poucas horas. Cerca de 10% dos casos de meningite meningocócica termina de forma fatal, mesmo depois de ministrados os cuidados de saúde adequados.

Felizmente, existem formas de prevenção. Em Portugal, são múltiplas as vacinas disponíveis para evitar os diferentes tipos de meningite, seja em Programa Nacional de Vacinação ou extra-plano. No caso da meningite, como nos de outras doenças graves, não devemos arriscar. A aposta na vacinação é, sem dúvida, a melhor forma de prevenção.

MAIOR INCIDÊNCIA NAS CRIANÇAS E JOVENS

Embora possa atingir qualquer faixa etária, a meningite meningocócica é particularmente incidente nas camadas mais jovens. Bebés e crianças pequenas, adolescentes e jovens adultos estão mais suscetíveis a esta infeção.

No caso dos mais novos, a vulnerabilidade está relacionada com a imaturidade do sistema imunitário, ainda em desenvolvimento durante os primeiros anos de vida. Por outro lado, a partir da adolescência e na chegada à idade adulta, o risco chega com os hábitos de vida. Comportamentos como a frequência de locais sobrelotados, a partilha de comida e bebidas, o contacto próximo e íntimo entre pares ou as viagens, facilitam a transmissão da doença.

O QUE É A MENINGITE?

A meningite é uma inflamação das meninges, as membranas que revestem o cérebro e a espinal medula. Pode ser viral ou bacteriana, sendo esta última mais frequente e mais grave. A maioria dos casos tem origem na Neisseria meningitidis (vulgarmente conhecida como meningococo), bactéria que habita a nossa orofaringe.

São conhecidos seis serogrupos da meningite meningocócica: A, B, C, W, X e Y. Todos podem ser transmitidos por via aérea ou por proximidade física, através das gotículas presentes nas secreções respiratórias.

Embora seja considerada uma doença rara, o número de casos de meningite com origem no grupo B tem aumentado em toda a Europa. Destaque, também, para o crescimento discreto, mas rápido, do grupo W.

 DETETAR UMA MENINGITE: SINTOMAS MAIS COMUNS

A rápida deteção dos sintomas pode revelar-se fundamental para um desfecho positivo. Ainda assim, sabemos que, mesmo recebendo cuidados de saúde atempados e adequados, no caso da meningite, pode não ser o suficiente.

Alguns dos sintomas iniciais dificultam o diagnóstico precoce, uma vez que são facilmente confundidos com os de outras infeções. Devemos ter particular atenção a sintomas como febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vómitos, irritabilidade, confusão mental, estado de cansaço extremo, agitação psicomotora, rigidez da nuca, erupções da pele e choro agudo.

O rápido agravamento deste quadro é sinal de alarme e constitui uma emergência médica. Inclui aumento da febre, sensibilidade à luz e ao som metálico, estado confusional, prostração, dor de cabeça e vómitos intensos, normalmente acompanhados de rigidez da nuca e aparecimento de manchas hemorrágicas na pele.

Ressalvo, no entanto, que nem todas as pessoas que desenvolvem esta infeção apresentam a totalidade dos sintomas e que alguns deles se podem manifestar numa fase tardia e, infelizmente, irreversível, da doença.

Leia o artigo completo na edição de abril 2022 (nº 326)