A Medicina Tradicional Chinesa pode ser ainda um mistério para muitos, mas a sua existência milenar há muito que quebrou fronteiras. Em Portugal, a prática de medicinas chamadas não convencionais, onde se inclui a MTC, já está regulamentada e já se leciona a nível superior.
Na procura de solução para os seus problemas de saúde e, geralmente, aconselhados por amigos e familiares, a maioria das pessoas que recorre à Medicina Tradicional Chinesa (MTC) apresenta três características comuns: uma descrença na medicina convencional que, tentativa após tentativa, não lhes resolveu o problema de saúde; algum ou nenhum conhecimento sobre o funcionamento das Terapias Chinesas; e, apesar disso, a esperança de que estas lhes tragam melhoras.
Desde stress e depressões, insónias ou enxaquecas, passando por artrites, ciática, asma ou lombalgia, até excesso de peso, hemorroidas, paralisias ou arteriosclerose, os males que os atingem parecem não ter fim, estando por vezes enraizados.
O “segredo”
Sem quererem ser melhores ou piores do que as técnicas de tratamento convencionais, a verdade é que os processos terapêuticos chineses demonstram conseguir solucionar aquelas e outras patologias. O “segredo” é simples e radicalmente diferente dos métodos da medicina ocidental: estas práticas, em vez de curarem a doença em si, tratam o indivíduo, re-equilibrando a energia eletromagnética que o anima.
Ao longo dos seus cerca de 4 mil anos de existência, a Medicina Tradicional Chinesa, com todas as suas terapias e complementos, tem sido utilizada para tratar as maleitas que vão surgindo.
Esta medicina oriental tem por base o conceito de Homem como um todo e de que tudo é regido pela influência da filosofia Yin/Yang da energia vital Chi (equilíbrio entre o positivo e o negativo). Assim sendo, a associação aos Cinco Elementos (Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água) ajuda à relação com tudo o que existe, já que dita o equilíbrio cósmico e baseia-se na ideia de que a vida é um processo em constante mutação.
Os Cinco Elementos
Mais simples será se visualizarmos os cinco elementos como estações do ano até chegarmos às emoções e aos órgãos humanos. Ou seja, da mesma forma que as estações do ano se sucedem, os elementos vão transformando-se nos seguintes, num movimento cíclico sem fim. Cada fase desempenha um papel específico na manutenção do equilíbrio natural de toda a existência, e todas elas dependem umas das outras. O mesmo sistema funciona com o corpo humano, em que cada órgão tem a sua função e todos necessitam uns dos outros para funcionarem.
Ao dar-se um desequilíbrio entre os polos Yin e Yang, porque um está a “sobrepor-se” a outro, começa a surgir a doença. E os Cinco Elementos entram na relação com os órgãos humanos. Assim, a MTC associa a Madeira ao fígado e à vesícula e, em termos emocionais, à ira. Já o Fogo diz respeito à alegria diretamente ligado ao coração, ao pericárdio e ao intestino delgado; à Terra pertencem o estômago e o baço e, a nível emotivo, a preocupação. O Metal associa os pulmões e o intestino grosso, agregando a tristeza; e, por fim, à Água pertencem os rins e a bexiga, agregando o medo.
É desta forma que é feito o diagnóstico: subjacente à dor está uma emoção e, para combater o mal de que se padece, é necessário perceber qual o elo energético deficiente.
Esta medicina tradicional apresenta várias terapias e seus complementos, a maioria dos quais já goza de grande aceitação no Ocidente.
Acupuntura: a mais conhecida
A mais conhecida das práticas da MTC no Ocidente é, sem dúvida, a Acupuntura. É uma terapia externa, utilizada para prevenir e tratar os desequilíbrios energéticos, mediante a estimulação de zonas estritamente circunscritas da superfície cutânea, através de agulhas. São estes objetos metálicos filiformes que causam maiores reservas, mas a rapidez com que são aplicados torna o método indolor.
Com estas agulhas posicionadas nos chamados pontos de acupuntura, permite-se a harmonização do sistema energético do indivíduo. E o que são esses pontos? Cada alteração do sistema humano é um caso. Por todo o corpo existem pontos de acupuntura, que não são mais do que áreas na epiderme por onde “passam” os meridianos e que se entendem até às estruturas mais profundas dos órgãos. Será, portanto, uma espécie de circuitos elétricos por onde circula a energia, que os antigos chineses denominaram de Chi. Esta mesma cultura identificou 12 pares de meridianos, por onde esta energia penetra e que a agulha vai descongestionar, tonificar ou retirar o fluxo de energia dos diferentes órgãos ou sistemas, induzindo-a a circular de um modo equilibrado.
Apesar de não ser novidade para o universo chinês, só a partir dos anos 70 do século passado se começou a ouvir falar tanto da Acupuntura Craniana como da Auricular, sendo agora motivo de maior divulgação no Ocidente. Até porque os problemas cerebrais são já consideradas como as doenças do século XXI.
Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2020 (nº 302)