Saiba quais são os sintomas e, no caso de suspeita de linfoma, deve procurar um médico especialista, que irá determinar o diagnóstico e estabelecer o plano terapêutico adequado. Neste mês dedicado à sensibilização para os cancros do sangue, é fundamental alertar para a importância de um diagnóstico precoce.
Artigo da responsabilidade da Dra. Tânia Maia. Especialista em Hematologia Clínica no Hospital CUF Porto e no Hospital CUF Arrifana de Sousa – Penafiel
Os linfomas são um grupo de doenças malignas que têm origem num subtipo de células que fazem parte do sistema imunitário: os linfócitos. Estas células existem maioritariamente em circulação no sangue e nos chamados gânglios linfáticos, mas também em alguns órgãos como o baço, as amígdalas e a medula óssea. No mês dedicado à sensibilização para os cancros do sangue, torna-se fundamental alertar para a importância de um diagnóstico precoce.
Resultam do aumento descontrolado da quantidade de linfócitos anormais e não funcionantes, que se acumulam nestas várias localizações. Por este motivo, os gânglios, que habitualmente não são palpáveis, podem aumentar muito as suas dimensões formando inchaços que são perceptíveis principalmente a nível do pescoço, axilas e virilhas. Os outros órgãos do sistema linfático como o baço, fígado e amígdalas também podem aumentar de tamanho.
Além disso, como os linfócitos circulam por todo o organismo, também estruturas não linfáticas podem ser afetadas, como a pele, o pulmão e o cérebro. A acumulação destas células patológicas na medula óssea impede a produção de células sanguíneas normais, podendo originar anemia e contagens plaquetárias baixas. No entanto, na grande maioria dos linfomas não existem alterações no hemograma, nem células de linfoma em circulação.
Não são conhecidas as causas que estão na origem do aparecimento dos linfomas, mas algumas infeções – vírus Epstein Barr, vírus linfotrópico T tipo I, vírus Hepatite C, bactéria Helicobacter Pylori – e patologias ou terapêuticas imunossupressoras, que reduzem a atividade do sistema imunitário, podem aumentar o risco. Por outro lado, à luz do conhecimento atual, não são conhecidos fatores de risco relevantes a nível dos hábitos de vida ou predisposição familiar no seu desenvolvimento.
Os principais sintomas são o cansaço extremo, a perda de apetite, a perda de peso sem explicação, a febre persistente, os suores noturnos e o surgimento de aumento de gânglios, que habitualmente não são dolorosos. Mas pode também existir dor.
O diagnóstico é estabelecido através da biópsia e da análise de um gânglio afetado. Para estabelecer a extensão da doença é realizado uma TC (tomografia computorizada) e, na grande maioria dos linfomas, também deve ser realizado um PET scan. Se existirem linfócitos anormais em circulação, a análise sanguínea chamada imunofenotipagem, que analisa o tipo de linfócitos presentes no sangue, também poderá contribuir para definir o diagnóstico.
Os linfomas podem apresentar uma baixa velocidade multiplicativa das células anormais, pelo que normalmente podem ficar em vigilância durante algum tempo. Os subtipos mais agressivos, que crescem mais depressa e normalmente são mais sintomáticos necessitam de tratamento imediato.
Os linfomas nunca são tratados cirurgicamente, mesmo que se encontrem limitados a uma só localização. O tratamento é realizado com recurso a quimioterapia e a imunoterapia e, por vezes, radioterapia. O linfoma mais frequente é o Linfoma B Difuso de Grandes Células e apresenta uma taxa de cura de 60 a 70%. Na última década, têm surgido várias novas classes de fármacos que permitem ter novas opções de tratamento para os casos que não ficam solucionados com a primeira linha terapêutica e melhorar o prognóstico global esperado.
Em caso de suspeita de linfoma, deve procurar um médico especialista em Hematologia Clínica, que irá determinar o diagnóstico e estabelecer o plano terapêutico adequado.
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