Sendo a ansiedade extremamente prevalente e os níveis de stress cada vez mais elevados, a hipnose clínica pode muito bem ser a solução.
Artigo da responsabilidade da Dra. Cátia Lopes. Hipnoterapeuta das Clínicas Dr. Alberto Lopes
Stress e adversidades são transversais a todo o ser humano. Em qualquer altura do ciclo vital, todos podemos ser confrontados com situações adversas que desencadeiam níveis de stress no organismo.
DO SAUDÁVEL AO TÓXICO
O stress pode ser classificado como stress saudável, stress tolerável e stress tóxico. O stress saudável é uma forma de stress positivo, tolerável, de nível leve a moderado e de curta duração. Os seus efeitos são benéficos para a saúde, desempenho, realização de atividades de vida diária, motivação e também de bem-estar. Neste tipo de stress, o evento stressor é interpretado como um desafio de natureza positiva para a obtenção de bons resultados, dando energia para concretizar, e não como fonte de ameaça.
O stress tolerável tem uma duração mais prolongada que o stress saudável. Pode ser potencialmente prejudicial, mas pode ser atenuado pela rede de suporte e relações de apoio ao indivíduo.
O stress tóxico é classificado como o mais grave e perigoso tipo de stress, produzido pelo corpo em resposta a um evento stressor. Este conduz a uma ativação intensa, frequente e/ou prolongada do organismo. Na infância, o stress tóxico é extremamente grave, sobretudo se não existir uma rede de suporte. A idade em que um indivíduo é exposto a este tipo de stress é um fator preponderante, já que, quanto mais novo for o indivíduo, especialmente na infância e adolescência, mais vulnerável se encontra aos efeitos negativos deste.
O stress tolerável a longo prazo e o stress tóxico podem conduzir a estados de ansiedade patológicos que impactam a saúde física e psicológica do indivíduo.
SEXTA MAIOR CAUSA DE DECLÍNIO DE SAÚDE
A Organização Mundial de Saúde destaca a ansiedade como a perturbação mental mais comum e é considerada a sexta maior causa de declínio de saúde e qualidade de vida a nível mundial. A ansiedade tem-se mostrado mais prevalente nas mulheres do que nos homens e muitos dos sintomas de ansiedade já ocorrem durante a infância e a adolescência.
A ansiedade e as perturbações com ela relacionadas manifestam-se através de uma resposta emocional excessiva e desadaptativa, estando associada a pior funcionamento psicossocial e qualidade de vida.
A ansiedade tem a sua origem no medo e apresenta-se como um estado de apreensão e excitação fisiológica, onde o indivíduo não consegue controlar um futuro potencialmente perigoso.
Muitas palavras podem definir a experiência individual e subjetiva de cada um à ansiedade: pavor, nervoso, pânico, terror, apreensão, preocupação e medo. A ansiedade é, por isso, uma emoção orientada para o futuro, caracterizada por perceções de incontrolabilidade e imprevisibilidade com foco em eventos potencialmente perigosos. Também se caracteriza por um estado permanente de ameaça, incerteza, desamparo e vulnerabilidade, onde o indivíduo está orientado para o futuro com questões condicionais, do tipo “e se…”.
DIFERENÇAS NA SUSCETIBILIDADE
Existem diferenças individuais na suscetibilidade à ansiedade. Componentes genéticas, neurofisiológicas, características biológicas, ambientais e de aprendizagem são fatores causais nas perturbações de ansiedade.
Estados de ansiedade são responsáveis por sintomas que podem ser físicos (palpitações, aumento da frequência cardíaca, dor no peito, falta de ar, aumento da frequência respiratória, tonturas, sudorese, fraqueza, náuseas, sensação de desmaio, tremores e dormência), cognitivos (medo de perder o controlo, medo do dano físico ou morte, medo de avaliação negativa dos outros, baixa concentração e dificuldade de raciocínio) e comportamentais (fuga, evitação de situações de ameaça, dificuldade em falar, paralisia e busca de segurança).
A crença central na ansiedade é a vulnerabilidade pessoal, onde o indivíduo se sente insuficiente para se manter seguro perante uma ameaça ou sem controlo suficiente acerca da mesma. Indivíduos com ansiedade disfuncional tendem a superestimar e amplificar a ameaça e a sua capacidade de a enfrentar.
RECURSO À HIPNOSE CLÍNICA
Sendo a ansiedade extremamente prevalente e os níveis de stress cada vez mais elevados, a hipnose clínica pode muito bem ser a solução.
O transe hipnótico é um estado modificado de consciência, em que a pessoa está consciente, em controlo e sem dormir. É um processo natural, que pode ser usado em gabinete para produzir mudanças positivas. Consiste num processo de focar e manter a atenção no mundo interno, explorando o consciente e inconsciente.
Enquanto a mente consciente funciona de forma lógica e organizada no tempo, a mente inconsciente funciona num registo emocional e sem noção exata de tempo. Neste estado, podemos tornar conscientes memórias desconfortáveis do passado que estejam na origem da ansiedade patológica e libertar a pessoa dos sintomas cognitivos e físicos da ansiedade.
A Psicologia, como ciência de estudo da mente e do comportamento humano, mostra que o Homem tem a tendência a replicar o passado no dia a dia presente, quer na vertente positiva, quer na negativa. Sentimentos negativos de insegurança, de ansiedade e de vulnerabilidade com origem no passado tendem a impactar negativamente o presente e a sofrer antecipadamente com o possível futuro.
Com recurso à hipnose, podemos identificar as origens dos problemas e queixas que levam as pessoas em sofrimento psicológico por ansiedade até aos gabinetes de profissionais de saúde mental, e com técnicas específicas trabalhar essas origens, para que, ao longo das sessões que constituem o processo terapêutico, a pessoa possa tomar consciência dos seus bloqueios e condicionamentos, o que os causou e libertá-los.
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