No Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, assinalado a 5 de maio, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) lança um alerta: o diagnóstico tardio desta doença complexa e muitas vezes fatal continua a ser um problema grave em Portugal. É crucial que exista um maior conhecimento da doença e que o acesso a centros especializados seja facilitado, de forma a melhorar a qualidade de vida e a sobrevivência dos doentes.
A hipertensão pulmonar (HP) consiste num aumento da pressão nos vasos sanguíneos dos pulmões, podendo ser causada por diversas doenças cardíacas, respiratórias ou sistémicas. Estima-se que até 1% da população possa apresentar esta patologia, frequentemente associada a outras comorbilidades.
Dentro do espectro da hipertensão pulmonar, destaca-se a hipertensão arterial pulmonar (HAP), uma doença rara, progressiva e potencialmente fatal, resultante de alterações nas paredes das pequenas artérias pulmonares. Afeta pessoas de todas as idades, mas verifica-se uma especial incidência em mulheres jovens, sendo geralmente diagnosticada por volta dos 36 anos, e em Portugal, estima-se que mais de 300 doentes estejam atualmente em tratamento para HAP.
Os sintomas da hipertensão pulmonar, incluindo a HAP, são frequentemente inespecíficos, como falta de ar, fadiga, tonturas, desmaios e inchaço nas pernas, o que contribui para o atraso no diagnóstico, estimando-se que o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico possa ser de 2 anos e meio. Este atraso no diagnóstico provoca consequências graves, diminuindo a qualidade de vida e a esperança de vida dos doentes.
É importante salientar que a gravidez é contraindicada em mulheres com HAP, dada a sobrecarga adicional que impõe ao sistema cardiovascular. Adicionalmente, trabalhar com uma condição médica debilitante como a HAP pode ser extremamente desafiador, exigindo adaptações contínuas, estimando-se que cerca de 50% dos doentes com HAP não consigam manter-se empregados devido à gravidade da doença.
O Dr. Rui Plácido, médico cardiologista e vogal do Grupo de Estudos de Hipertensão Pulmonar da SPC, afirma que “o diagnóstico precoce e o acesso a centros especializados são a chave para salvar vidas e melhorar a qualidade de vida dos doentes com hipertensão pulmonar. Precisamos de mais consciencialização e de um sistema de saúde que responda às necessidades destes doentes.”
Neste Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, a SPC apela aos médicos de família para que estejam mais atentos aos sintomas da HP e encaminhem os doentes suspeitos para centros especializados e para que exista investimento na criação e fortalecimento destes centros, garantindo o acesso equitativo a todos os doentes.