Está grávida! A vida que acaba de se formar dentro de si irá transformá-la completamente, por fora e por dentro. O bebé demorará nove meses a nascer, mas a experiência da maternidade já começou para si, ao saber que está esperando um filho. Será uma aventura inesquecível.

 

1º mês – Mês da incerteza

Embrião – Como todos os meses, um óvulo maduro inicia o seu percurso em direção às trompas do Falópio. Não viverá mais de 24 horas: aguardará nesse local para ser fecundado e, se isso não acontecer, será eliminado no processo da menstruação, juntamente com restos celulares da mucosa que reveste o útero, também preparado para alojar um possível hóspede.

Até à trompa chegaram, também, não mais de uma centena de espermatozoides. Alguns conseguem atingir o óvulo, mas apenas um será capaz de atravessar a membrana que o reveste e «fechar» a passagem aos restantes.

Então, dá-se o milagre: óvulo e espermatozoide fundem-se, unindo as suas cargas genéticas. Cada um fornece 23 pares de cromossomas, que têm inscrito toda a informação genética feminina e masculina. A fecundação teve lugar, dando origem à primeira célula do vosso filho, com as suas características próprias e únicas.

A vida desenvolve-se desde os primeiros instantes, a uma velocidade vertiginosa: da divisão dessa célula, formam duas, depois quatro, depois oito… A mórula – assim chamada, devido ao seu aspeto globoso, semelhante a uma amora – viaja a caminho do útero, onde terá lugar a nidificação, por volta do 8º dia.

Uma vez «acomodado» no lugar escolhido para crescer, as células começam a diferenciar-se: umas formarão a placenta, o cordão umbilical e a bolsa amniótica, outras o embrião.

Na terceira semana de gestação, a cavidade amniótica começa a encher-se do líquido, o qual, pouco a pouco, irá envolvendo o futuro bebé.

No final deste primeiro mês, o embrião assemelha-se a um diminuto girino, onde se pode diferenciar a cabeça e um corpo com aspeto de cauda. O bebé ainda não tem aparência humana, mas alberga um pequeno coração, que já bate…

Mãe – A ovulação produz-se por volta do 14º dia do ciclo, pelo que o óvulo terá sido fecundado, muito provavelmente, entre o 11º e 17º dia, contando desde o início da última menstruação. Tratando-se de uma informação imprecisa, os ginecologistas preferem contar os dias de gravidez a partir da última menstruação, ou seja, neste primeiro mês, a mulher apenas terá estado grávida, na realidade, cerca de 15 dias.

É pouco tempo, mas são muitas as mulheres que sentem, desde logo, que algo está a mudar dentro delas. Passarão os dias, notará que o período não vem e, se a gravidez foi planeada, começará a pensar que talvez seja «isso» que está a acontecer.

A alegria dos primeiros momentos, quando a gravidez apenas é uma fantasia, desvanece-se ligeiramente, ao confirmar-se, pelos testes, que se trata de uma realidade. Surge a incerteza. E essa tensão entre o desejo e a rejeição acompanhará a grávida, durante os primeiros meses desta sua nova vida.

2º mês – Mês da contradição

Embrião – Um minúsculo coração, já com quatro cavidades, bombeia o sangue para o fígado, cérebro e rins. Dois pequenos nódulos serão os olhos. Uma boca que já é capaz de abrir e fechar e em que se distinguem os gérmenes dos primeiros dentes. Pequenos braços e pernas – a cauda de girino desapareceu definitivamente. Um cérebro rudimentar, cujas células se multiplicam rapidamente. Os órgãos vitais do futuro bebé formam-se nas primeiras oito semanas. O seu filho já é um ser humano, embora de proporções mínimas, que flutua no líquido amniótico; e o seu albergue, o mais perfeito refúgio natural.

A «porta» que comunica com o exterior foi firmemente selada, pelo tampão mucoso, um muco denso e aderente, que se produz no colo do útero e que impede a passagem de bactérias e outras visitas perigosas. No seu interior, o líquido amniótico amortece o ruído, as pancadas e a luz e impede as alterações de temperatura.

Mãe – A gravidez é uma intuição que ganha firmeza, com o passar dos dias. No entanto, ainda resiste a pensar no que está a acontecer. Mas chegou o momento da confirmação.

Hoje, existem vários métodos, todos eles muito fiáveis – o seu grau de precisão aproxima-se dos 98% –, para confirmar a gravidez. Baseiam-se na deteção da gonadotropina coriónica, uma hormona que aparece na urina, desde o momento da conceção, embora a sua concentração vá aumentando, à medida que os dias passam. A espera é breve. Em seguida, saberá se está grávida.

«Meu Deus, vou ser mãe! É isto que desejava? Estarei preparada para tal?» Surgirão as dúvidas e os sentimentos contraditórios, que talvez a surpreendam, sobretudo, se a gravidez foi desejada. Os psicólogos afirmam que, em maior ou menor grau, todas as grávidas se sentem assim, quer a criança tenha sido planeada quer não, pois esses sentimentos fazem parte do processo único que se vive em cada gestação.

3º mês – Mês do anúncio oficial

Feto – O pequeno ser mede entre 9 e 10 centímetros, pesa cerca de 125 gramas e deixou de ser um embrião. Agora, é um feto, com as mãos perfeitas como as de uma criança – com dedos e unhas diminutas –, longos braços e pernas e um rosto humano: os olhos começaram a ocupar a sua posição – antes, estavam mais separados – e transparecem, escuros e redondos, através da pele; o nariz, o queixo, a testa, as orelhas e o pescoço, distinguem-se já perfeitamente. Move-se bastante, embora a mulher ainda não o sinta, abrindo e fechando a boca, girando a cabeça e agitando braços e pernas: são movimentos incontrolados, pois o seu cérebro ainda não está suficientemente desenvolvido. O que já funciona, a pleno rendimento, batendo a 160 pulsações por minuto, é o coração. Começa a diferenciação sexual, com a formação dos órgãos sexuais externos.

E, no fim deste mês, ou seja, às 12-13 semanas, conclui-se a formação de todos os órgãos internos. A partir de agora, o feto irá «dedicar-se» a aperfeiçoá-los e a crescer.

Mãe – O corpo da mulher vai-se adaptando à gravidez. A cintura desaparece, o peito continua a aumentar e a aréola do mamilo escurece. Para além dos achaques típicos das primeiras semanas – dos quais falaremos mais à frente –, começa a crescer o interesse em saber o que está acontecendo dentro de si, em conhecer como é o seu filho e que aspeto terá nesse momento. Nos primeiros dias, era o medo de ter um filho; depois, o medo de o perder; agora, na fase final do primeiro trimestre, começa a estar mais tranquila. Se ainda não comunicou a notícia à família e amigos, chegou o momento de o fazer.

4º mês – Mês da tranquilidade

Feto – A sua pele é rosada e transparente. Reveste-se de penugem, uma fina penugem que ainda poderá apreciar, quando o tiver nos seus braços, pois os últimos vestígios desaparecem após o nascimento.

O corpo do futuro bebé está formado e cresce rapidamente. Agora, mede cerca de 16 cm e pesa 250g. Já domina alguns movimentos, como poderá ver na ecografia: chupa o dedo, dobra e estica os braços e as pernas, agarra o cordão umbilical. E também certas expressões faciais, como franzir o sobrolho, apertar os lábios ou fazer caretas.

Mãe – Neste mês de tranquilidade, você sente que a gravidez vai de vento em popa. Muitos dos medos iniciais esfumam-se e começa a imaginar e a sonhar com o seu filho.

O útero continua a aumentar de tamanho e desloca-se para a cavidade abdominal. O risco de aborto e as náuseas matinais passaram e a frequente vontade de urinar, das primeiras semanas, vai diminuindo, pois a bexiga já não está tão comprimida. No entanto, cedo sofrerá as consequências da nova posição dos intestinos, deslocados para cima, pelo aumento do útero: digestões lentas, ardores de estômago e obstipação.

Partindo da zona baixa do abdómen, uma fina linha de pele escura ascende para o umbigo – e aí permanecerá, durante uns meses, após o parto. A barriga já é visível para si, embora ainda não para as pessoas mais desatentas. Mas não tardará a notar-se, sob a roupa pré-mamã, que você está desejosa de começar a usar.

A silhueta modifica-se, a partir de agora, cada vez mais rapidamente, desde a curva do abdómen até à das costas. O peso do bebé fará adotar uma posição diferente e, em consequência disso, a coluna vertebral irá arqueando para dentro, na zona lombar e para fora, à altura dos ombros e pescoço.

A anca alarga, pois o organismo dedica-se a acumular energia, para que, caso seja necessário, você e o seu filho a ela possam recorrer. Essa energia armazena-se sob a forma de gordura e já sabe quais são os principais armazéns: as coxas e as ancas.

O seu coração tem de bombear, agora, um litro e meio de sangue a mais,  aproximadamente. E os rins trabalham duramente, para filtrar e eliminar um maior volume de resíduos.

Enquanto descansa, o seu corpo e a sua mente funcionam permanentemente: o primeiro fabricando o lar físico perfeito para o seu filho; e a segunda construindo o espaço psíquico, que alberga tudo o que sente.

5º mês – Mês das sensações

Feto – No decorrer deste mês, o corpo do bebé cobre-se de uma fina penugem. Já tem cabelo, pestanas e sobrancelhas. Pesa cerca de 400g e mede aproximadamente 25 cm. Começa a chupar no dedo, como pode ser confirmado pelas ecografias. Dorme 18 a 20 horas por dia.

Mãe – Este vai ser um mês muito especial para si, pois começará a sentir os primeiros movimentos do seu filho. É a prova de que a gravidez é real e de que é ele o autor dessa extraordinária alteração no seu corpo. Apetece-lhe que se note a barriga e já não receia lançar-se ao trabalho de preparar o enxoval do bebé. Está entusiasmada!

Talvez aconteça que, depois de ter sentido claramente o seu primeiro «pontapé», esteja uns dias esperando pelo seguinte. É normal que isto aconteça, no início. No entanto, nos próximos dias, quando os movimentos forem mais claros, começará a notá-los diariamente. Ele mover-se-á quando você estiver tranquila, nos seus momentos de descanso, em especial à noite.

Conforme a gravidez for avançando e o bebé tiver menos espaço, mudará a sua forma de se mover, mas continuará fazendo-o. Portanto, se passou um dia e não notou o mais ligeiro movimento, consulte o obstetra.

6º mês – Mês da energia

Feto – Já tem a aparência de bebé, embora ainda seja muito pequeno. Pesa cerca de 700g e mede perto de 30 centímetros. O seu cérebro funciona já de forma muito semelhante ao de um recém-nascido e, inclusivamente, é capaz de seguir um ciclo de vigilância e sono. Os pulmões, no entanto, ainda não estão preparados: têm de se formar os alvéolos, onde se realiza a troca de oxigénio necessária para respirar no exterior. Enquanto tudo isto sucede, o feto mostra-se cada dia mais ativo: balança-se de um lado para o outro do útero, faz «o pino» e volta a colocar-se de cabeça para cima.

Mãe – No final do 6º mês de gravidez, a parte superior do útero terá atingido o nível do umbigo. Mas a barriga ainda não pesa demasiado e você sente-se cheia de energia: organiza o enxoval, esmera-se com os exercícios de preparação para o parto, passeia, quer fazer coisas… Está realmente «comprometida» com o seu papel de mãe, lê e informa-se sobre tudo o que acontece no seu interior, faz planos para quando a criança nascer…

De noite, sonha intensamente com o seu filho, já nascido. De dia, emociona-se quando vê outros bebés, nas suas cadeirinhas de passeio. O seu instinto maternal caminha a passos largos.

7º mês – Mês dos preparativos

Feto – No ventre materno, o feto respira através de si. Toma o oxigénio de que necessita do seu sangue. O intercâmbio realiza-se através do cordão umbilical, que o liga à placenta. No seu interior, uma veia conduz o sangue oxigenado e rico em nutrientes provenientes da mãe; e duas artérias devolvem os produtos de refugo. Embora não os utilize antes de nascer, o feto já ensaia movimentos respiratórios com os pulmões, onde começam a desenvolver-se os alvéolos e o surfactante pulmonar, indispensáveis para a respiração no exterior.

A ecografia pode mostrar o bebé de nádegas e talvez você receie que ele permaneça nessa posição, até ao momento do parto. No entanto, é demasiado cedo para pensar nisso: até à 32ª semana, ainda tem espaço suficiente para dar a volta e colocar-se em «posição de saída», com a cabeça para baixo.

Mãe – O útero contrai-se, com uma certa frequência, durante os nove meses que dura a gravidez. No primeiro trimestre, talvez não o sinta, pois ocupa uma posição baixa no ventre. Porém, logo que, ao crescer, ultrapasse a linha do umbigo, começará a notar essas contrações. Elas são necessárias: o útero tem de «praticar», contraindo-se e relaxando-se, um exercício que deverá realizar eficazmente no dia do parto, para permitir o nascimento do bebé.

Notará que a barriga endurece muito consideravelmente: se pressionar na zona, os seus dedos não se afundam na pele. As contrações podem aparecer em qualquer momento, mas são mais frequentes depois de fazer um esforço ou em situações de stress. Duram pouco: menos de 40 segundos. Não doem, embora possam ser incómodas, nas últimas semanas. Não têm ritmo: pode sentir duas ou três em meia hora, por exemplo, e não notar mais nenhuma, até ao dia seguinte.

Contudo, se as contrações se tornarem muito frequentes, rítmicas, longas – mais de 40 segundos – e se se produzirem ao mínimo esforço, deverá consultar o obstetra.

8º mês – Mês dos incómodos

Feto – Ao futuro bebé, restam-lhe apenas quatro semanas para aperfeiçoar o seu organismo e preparar-se para nascer. Enquanto isso, recebe de si uma enorme quantidade de anticorpos, muito superior aos que assimilou durante todo o período intra-uterino. Já mede 40 cm e pode pesar até 2400 gramas.

Durante este mês, o bebé fica mais «bonito»: desapareceram as rugas, graças à acumulação de gordura, que se formou debaixo da pele, enquanto esta se torna rosada e lisa. Além disso, está-lhe a crescer uma fina e suave cabeleira. Já abre e fecha os olhos com frequência e, como já se desenvolveram as conexões dos músculos aos nervos, é capaz de coordenar alguns movimentos dos pés e das mãos. Todos os seus órgãos estão preparados para viver no exterior, mas os pulmões ainda necessitam de amadurecer mais umas semanas. O intestino está cheio de uma substância espessa e de cor escura, chamada mecónio, que é formada por secreções do estômago e do fígado. Estas serão as primeiras fezes, negras, que expulsará quando nascer.

Mãe – Este é o mês dos incómodos. O bebé está grande; o volume do abdómen enorme; você sente-se, fisicamente, muito limitada. Ao fim do dia, os tornozelos incham e sente as pernas pesadas. De noite, não consegue arranjar posição para dormir. Além disso, regressa a necessidade de urinar com muita frequência.

As contrações uterinas sentem-se cada vez mais e, na reta final, causam uma certa ansiedade. Pensará na possibilidade do seu filho nascer prematuramente. O medo do parto e a saúde do bebé vão ocupar um amplo espaço na sua mente. Já deseja que a aventura termine.

9º mês – Mês da impaciência

Feto – O seu filho é já um bebé rechonchudo. Nestas últimas semanas, aumentará consideravelmente: no final do tempo, mede quase 50 cm e pesa entre 3 Kg e 3,5 Kg. O seu pequeno coração bate a 110-150 pulsações por minuto e o respetivo sistema circulatório está perfeitamente preparado para enfrentar o mundo exterior.

Os ossos do crânio não estão totalmente unidos e são tão moles que a sua cabeça é capaz de se adaptar, perfeitamente, ao canal do parto, sem que o cérebro sofra minimamente. Só vários meses após o nascimento é que estes espaços – chamados fontanelas – terão fechado.

Agora, o bebé dispõe de muito pouco espaço para se mover e você dar-se-á conta: os enérgicos movimentos dos meses anteriores transformam-se em suaves pontapés, debaixo das costelas. Até ao dia em que, ao levantar-se, nota que a barriga desceu consideravelmente, ao mesmo tempo que sente a cabeça do bebé, como um coco, encaixada na pélvis. Diz-se, então, que «o bebé desceu». Na realidade, colocou-se na posição de saída.

Mãe – Depois de meses a imaginar o retrato do seu filho, a partir dos dados das ecografias e dos seus sonhos, está prestes a encontrar-se com o bebé real!

Ocupa-a um síndroma curioso, de que, certamente, já ouviu falar: não para de acertar pormenores, de colocar a roupa no armário, enfim, está hiperativa. Estes momentos de atividade intensa fazem-lhe bem, para afastar o monte de dúvidas que costumam assaltar as grávidas, nesta reta final: «o parto será muito doloroso?», «o bebé nascerá saudável?», «haverá alguma complicação?»…

Entretanto, é surpreendente o extraordinário volume que o seu ventre adquiriu, nas últimas semanas. Você sente-se quase a explodir, pesada, cansada e farta da gravidez.

Neste mês de impaciência, procure relaxar, dando longos passeios e desfrute dos últimos dias a sós. Dentro em breve, a família terá mais um membro, que irá açambarcar toda a atenção.