A escoliose é uma doença complexa, muitas vezes, de causa de desconhecida. O adequado diagnóstico e tratamento são fundamentais para retardar ou reverter a sua progressão.

 

Artigo da responsabilidade do Dr. Pedro Nunnes. Médico neurorradiologista de Intervenção; Centro da Coluna do Hospital da Lapa

 

A escoliose é caracterizada pela existência de uma deformidade morfológica grave, com desvio da coluna vertebral para a esquerda ou direita e com rotação das vértebras, resultando num formato de “S” ou “C”. Este desvio ocorre em vários planos e envolve vários segmentos da coluna vertebral. É um problema que afeta 2 a 4% da população, sendo muitas vezes detetado na adolescência.

CAUSAS

As causas da escoliose podem ser de natureza diversa, nomeadamente postural. Em seguida, enumero algumas das possíveis causas:

  • Escoliose idiopática não possui causa conhecida e corresponde a 70% dos casos;
  • Escoliose pós-traumática;
  • Escoliose congénita decorre de problemas na formação das vértebras ou de problemas de fusão dos ossos da coluna, podendo ou não estar associado a fusão de costelas durante o desenvolvimento do feto ou do recém-nascido;
  • Escoliose neuromuscular é causada por problemas neurológicos (por exemplo, paralisia cerebral) ou musculares, que determinam fraqueza muscular, controle precário dos músculos ou paralisia decorrente de doenças como a distrofia muscular.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da escoliose é realizado, normalmente, com base na história clínica detalhada. O médico efetua uma série de perguntas sobre o crescimento recente do paciente. Em seguida, é realizado o exame físico, em que explorará o corpo do paciente, verificando se existem sinais indicativos de escoliose, como assimetrias. O médico pode ainda realizar um exame neurológico para verificar a fraqueza muscular e os reflexos anormais do paciente.

Exames complementares são também essenciais no diagnóstico da escoliose, sobretudo o raio-X da coluna total com o doente em posição ortostática e descalço, para poder medir o ângulo escoliótico.

TRATAMENTO

O tratamento depende da causa da escoliose, do tamanho e da localização da curvatura, além da idade e do índice de crescimento do paciente.

Na maioria dos casos de escoliose idiopática que ocorre em adolescentes, o tratamento passa apenas pela observação, procedendo-se a reavaliações clínicas periódicas e, eventualmente, radiográficas.

O uso de coletes é recomendado para ajudar a retardar a progressão da curva e para que esta não reverta. Frequentemente, utilizam-se mecanismos de pressão para alinhar a coluna vertebral, na tentativa de evitar a progressão da deformidade. O colete deve ser ajustado de acordo com o crescimento.

A cirurgia consiste em corrigir a curva (embora não completamente) e alinhar as estruturas ósseas (vértebras). As vértebras são fixadas através de varetas metálicas e parafusos.

Para saber qual o tratamento mais aconselhado deve falar com um especialista, preferencialmente num centro de referência de diagnóstico e tratamento de problemas da coluna.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2021 (nº 312)