Graças aos estudos de ergonomia visual, já é possível adotar práticas que atrasam e, inclusive, evitam certas perturbações da visão, muitas delas altamente penalizantes para a qualidade de vida.

 

Os nossos hábitos socioculturais e as formas de trabalho variaram muitíssimo nas últimas décadas; pelo contrário, o nosso sistema visual não evoluiu. A título de exemplo, refira-se que, no início do século XX, cerca de 60% da população era analfabeta; hoje, nos países desenvolvidos, essa cifra é praticamente nula.

Isto significa que, atualmente, no Ocidente, toda a gente sabe ler e escrever e a esmagadora maioria das pessoas trabalha em frente a um monitor de computador e/ou usa um qualquer tipo de ecrã digital nos seus momentos de descanso e lazer.

Passamos, portanto, demasiadas horas por dia concentrados num trabalho que requer a visão de perto; quando chegamos a casa, a televisão, o tablet ou o smartphone exigem o mesmo! O nosso “dia visual” é extensíssimo.

O GRANDE CULPADO

O stress visual provocado pela fixação, quase constante, no ecrã do computador ou do tablet e nos papéis que consultamos, costuma ser a causa de muitas perturbações. A miopia pode ser uma delas. O organismo procura compensar o esforço realizado, criando um novo equilíbrio à custa de dioptrias. Mas também são frequentes a irritação dos olhos, o lacrimejo constante, a dor de cabeça, na nuca ou nas costas e, inclusive, perturbações do sono.

O que podemos fazer para o evitarmos? A resposta centra-se na ergonomia, isto é, na capacidade de transformar e adaptar o meio, de modo a permitir melhorar a qualidade de vida, tanto no trabalho, como em casa. Os aspetos básicos, a ter em conta, são: a iluminação, o mobiliário e a distância ao ecrã.

Em primeiro lugar, há que evitar os reflexos no monitor: a luz deve vir de cima, com um foco de apoio na mesa. Recomenda-se uma iluminação ambiental de cerca de 150 a 300 lux e local de 300 a 500 lux. Existem no mercado uns aparelhos denominados luxómetros, que medem, de um modo simples, o nível de iluminação.

Os computadores devem ser colocados perpendicularmente às janelas, para que a luz natural não incida diretamente na cara ou no ecrã. A distância entre o computador e os olhos deve estar compreendida entre os 45 e os 55 cm; e a linha de visão deve formar um ângulo de 10 a 20 graus com a horizontal. Também a mesa e a cadeira de trabalho devem ter as medidas adequadas. E, sobretudo, há que descansar periodicamente: de hora a hora, pelo menos, convém levantar-se, andar um pouco e tentar relaxar os olhos, olhando para o mais longe possível.

Leia o artigo completo na edição de julho/agosto 2016 (nº 263)