A incidência de epilepsia aumenta com a idade, sendo que no idoso tem habitualmente causas diferentes e pode apresentar sintomas distintos em comparação com a epilepsia noutras faixas etárias.

Artigo da responsabilidade do Dr. André Rodrigues. Médico coordenador das Residências ORPEA em Portugal

 

 A epilepsia é uma doença do sistema nervoso central que provoca descargas elétricas anormais das células cerebrais, podendo resultar em sintomas variados, dos quais o mais comum é a convulsão.

A incidência de epilepsia aumenta com a idade, sendo que a epilepsia no idoso tem habitualmente causas diferentes e pode apresentar sintomas distintos em comparação com a epilepsia noutras faixas etárias.

CAUSAS DIVERSAS

As causas da epilepsia no idoso podem ser diversas e incluem:

Acidente vascular cerebral (AVC) – É a principal causa de epilepsia nos idosos. Estima-se que cerca de 10% das pessoas que sofreram um AVC desenvolvem epilepsia posteriormente;

Demências – As pessoas com demências, como a doença de Alzheimer, têm uma maior probabilidade de desenvolver epilepsia. A epilepsia é 2 a 3 vezes mais frequente em pessoas com demência do que na população em geral;

Traumatismo craniano – Uma lesão craniana (por exemplo, decorrente de um acidente ou de uma queda), mesmo que ocorrida anos antes, pode levar ao desenvolvimento de epilepsia em idosos;

Tumores cerebrais – Tumores cerebrais podem causar epilepsia em qualquer idade, mas são mais comuns em idosos;

Infeções cerebrais – Por exemplo, encefalite, meningite e neurocisticercose podem causar epilepsia em idosos.

É importante excluir também outras causas de convulsões, nomeadamente causas metabólicas. Estas correspondem a desregulação do funcionamento dos órgãos que podem provocar disfunção no cérebro. Por exemplo, pode estar presente em pessoas com problemas no fígado, nos rins, hipoglicemia ou hiperglicemia, hiponatremia, sepsis, entre outros.

SINTOMAS DIFERENTES

Os sintomas da epilepsia no idoso podem ser diferentes daqueles observados noutras faixas etárias. Em alguns casos, as convulsões são menos intensas e apresentam uma duração inferior, comparativamente com pacientes mais jovens. Além disso, os sintomas podem ser mais subtis e incluem:

  • Perda momentânea de consciência;
  • Movimentos involuntários, como tremores ou espasmos musculares;
  • Sensação de formigamento ou dormência em uma parte do corpo;
  • Confusão mental ou desorientação;
  • Alterações na visão ou audição.

O diagnóstico da epilepsia no idoso é essencialmente clínico, mas por vezes é difícil de realizar porque as crises podem não ser presenciadas por um observador e diversas situações, como distúrbios do equilíbrio, da pressão, arritmias cardíacas e outros eventos, podem falsamente ser considerados crises.

A história clínica, o exame neurológico e a realização de análises laboratoriais são, de um modo geral, os primeiros passos, já que permitem excluir a ocorrência de convulsões não relacionadas com a doença. O eletroencefalograma, a ressonância magnética ou a tomografia computorizada possibilitam a exploração das suas possíveis causas. Encontrar uma origem para a epilepsia é muito importante, porque permite a seleção do tratamento mais apropriado.

Leia o artigo completo na edição de abril 2023 (nº 337)