A ejaculação prematura afeta muitos homens sem que estes tenham consciência de que padecem de uma das disfunções sexuais masculinas mais comuns. A boa notícia é que se trata de um problema passível de tratamento.

  

De acordo com a Sociedade Internacional para a Medicina Sexual (ISSM), a ejaculação prematura é uma disfunção sexual masculina muito comum, caracterizada pela ejaculação antes ou cerca de um minuto após a penetração vaginal, ou seja, uma diminuição da capacidade em retardar a ejaculação em todas ou quase todas as penetrações vaginais.

O homem que sofre de ejaculação prematura sente uma extrema sensibilidade ao mínimo contacto sexual, o que desencadeia um orgasmo involuntário que pode ocorrer de forma imediata, antes ou durante a penetração. Esta disfunção faz com que o período de satisfação seja menor e compromete também o orgasmo da parceira, afetando a vida sexual do casal.

ORIGENS prováveis

O mecanismo subjacente à ejaculação resulta de uma combinação de fatores, sendo que existem teorias biogénicas e psicogénicas sobre a sua etiologia. Investigações mais recentes sugerem que a serotonina, um neurotransmissor responsável pelo envio de sinais nervosos de uma célula cerebral para outra, pode desempenhar um papel central na determinação do momento da ejaculação.

Fisiologicamente, a resposta sexual masculina pode dividir-se em cinco fases:

  1. Desejo sexual;
  2. Excitação (fase em que ocorre a ereção);
  3. Estabilização (fase de planalto);
  4. Clímax/orgasmo;
  5. Resolução (relaxamento após o clímax/orgasmo, durante o qual não ocorre qualquer excitação sexual).

Numa situação de ejaculação prematura, a resposta ao estímulo sexual do homem poderá ser resumida em três momentos:

  1. Fase de excitação muito pronunciada com ereção normal;
  2. Fase de planalto de curta duração;
  3. Ejaculação rápida associada ao orgasmo com ereção normal.

 Tipos de EJACULAÇÃO PREMATURA

Existem vários tipos de ejaculação prematura: primária e secundária/adquirida. Tanto na ejaculação prematura primária, como na ejaculação prematura secundária/adquirida, existe uma alteração das vias serotoninérgicas; mas na secundária, existem também causas psicológicas e orgânicas e, por vezes, associações a outras disfunções sexuais.

QUEM PODE sofrer desta disfunção?

A ejaculação prematura não está relacionada com nenhuma faixa etária. É uma disfunção sexual que ocorre sempre ou quase sempre que se verifica um ato sexual e pode atingir o homem desde a sua primeira relação sexual (primária) ou pode desenvolver-se numa fase mais tardia, após uma vida sexual sem perturbações (secundária).

São vários os estudos que avaliam a prevalência da ejaculação prematura, recorrendo a metodologias e critérios diferenciados, daí que o leque percentual seja muito lato. Acredita-se, pois, que a percentagem de homens afetados por esta disfunção num determinado momento da sua vida se situe entre os 4 e os 30 por cento; a dificuldade em encontrar um valor de variante mais reduzida deve-se ao facto da ejaculação prematura ser uma condição cujos critérios para o diagnóstico não são consensuais.

Contudo, é corrente considerar que cerca de um quarto dos homens, em determinado momento da sua vida, sofre de ejaculação prematura. A maior ou menor dilatação no tempo desta disfunção dependerá da assunção do problema por parte do indivíduo e da consciencialização de que se trata de um problema passível de tratamento médico.

Do mesmo modo que a ejaculação prematura não está relacionada com nenhum grupo etário em particular, também parece não estar confinada a nenhuma cultura ou país em particular, já que o problema apresenta valores percentuais idênticos a nível mundial.

DIAGNÓSTICO

A ejaculação prematura afeta muitos homens sem que estes tenham consciência ou perceção de que padecem de uma das disfunções sexuais masculinas mais comuns, em parte devido ao facto de que o processo de ejaculação é muito semelhante ao observado em homens sem esta condição. No entanto, nos homens com ejaculação prematura, esta ocorre de forma mais rápida e com uma sensação de falta de controlo sobre a mesma.

A primeira constatação prender-se-á com a diminuição do tempo entre as várias fases de ereção e consequente ejaculação. A perceção por parte do próprio de que perdeu o autocontrolo e de que não consegue retardar o momento da ejaculação, de forma repetida e continuada, são indícios de que sofre desta disfunção.

De qualquer modo, será o médico quem poderá estabelecer um diagnóstico correto. A ejaculação prematura continua a ser uma condição sub-diagnosticada e sub-tratada.

Os estudos demonstram que são várias as razões que levam os homens a não procurar tratamento, nomeadamente a vergonha e o estigma, a falta de consciencialização da predominância da disfunção, o não conseguirem identificá-la ou porque se sentem relutantes em discutir questões de teor sexual com o médico. Esta última, agravada pela dificuldade que alguns profissionais de saúde sentem em iniciar uma conversa sobre a saúde sexual dos seus doentes.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2022 (nº 324)