A dor de garganta é um rótulo que se aplica a um vasto conjunto de patologias, a maioria banais, mas que não devemos menosprezar.
Aquilo que, coloquialmente, se designa por dor de garganta, agrupa-se na terminologia médica nas denominadas infeções ou alterações das vias respiratórias altas.
Por se tratar da principal porta de entrada no organismo, esta via ergue-se como a primeira muralha de defesa do organismo face às agressões exteriores. Por isso, também é costume ser dos primeiros locais a ser afetado, sobretudo quando as condições são adversas, como sucede no inverno, em que as mudanças de temperatura entre o interior e o exterior são muito acentuadas. Deste modo, as recomendações de um bom agasalho, antes de sair para a rua, sem esquecer o cachecol, não são gratuitas.
INCÓMODO OU SINTOMA?
É importante diferenciar os casos em que a dor de garganta é uma entidade própria e autolimitada, daqueles em que se trata de um sintoma de um processo mais grave.
A dor de garganta, enquanto patologia isolada, reveste-se de mais ou menos gravidade segundo a sensibilidade individual. Há pessoas que, pelo mero contacto com o ar frio ou após a ingestão de uma bebida fresca, podem sofrer irritações da mucosa faríngea, o que favorece a atuação dos vírus próprios desta época. A garganta fica, então, vermelha pela irritação, as amígdalas inflamam-se e tem-se uma sensação de aspereza na faringe, que incomoda ao engolir e que pode ser acompanhada de rouquidão ou afonia.
Perante estes sintomas, o tratamento efetua-se com analgésicos do tipo ácido acetilsalicílico ou paracetamol, sendo também recomendado o repouso da voz, deixar de fumar, ingerir alimentos e bebidas mornas, bem como uns rebuçados ou pastilhas para o alívio sintomático.
Não é aconselhável tomar antibióticos logo de início. O que sucede, frequentemente, é que a garganta inflamada é um excelente meio de cultura para uma sobreinfeção bacteriana; só então, sob a obrigatória prescrição do médico, podemos recorrer aos antibióticos.
FEBRE E POUCO MAIS
Muitas vezes, os incómodos da garganta provém da acumulação de muco na faringe. A mucosidade nas crianças causa um quadro alarmante, mas banal, na maioria dos casos. Sucede que, ao deitar, a mucosidade acumula-se nas paredes da garganta, ressequindo-se devido ao calor e à falta de humidade do ambiente e produzindo uma irritação que se manifesta por tosse seca. Este quadro costuma remitir espontaneamente em contacto com um ambiente húmido, embora requeira, por vezes, umas vaporizações para que os sintomas desapareçam.
Não se deve confundir esta perturbação com uma patologia mais séria e menos frequente, denominada crupe vírico. Trata-se de uma inflamação da mucosa da laringe, causada por vírus e caracteriza-se por uma grande dificuldade para respirar e acessos da chamada “tosse-de-cão”. O tratamento é constituído por aerossóis e controlo da respiração, sendo conveniente verificar a existência de epiglotite, perturbação que necessitaria de atenção urgente. Esta perturbação costuma resolver-se numa semana; se a dificuldade respiratória for muito aguda, haverá necessidade de hospitalização.
ANGINAS: O QUADRO CLÁSSICO
O quadro por excelência de dor de garganta é a faringo-amigdalite, vulgarmente conhecida por anginas. No entanto, ter as amígdalas inflamadas não significa que estejam infetadas. Para isto, devem existir placas de pus sobre a sua superfície, situação que é acompanhada, na quase totalidade dos casos, por febre alta. O médico deve observar o doente e prescrever o antibiótico mais adequado para cada caso.
Não nos cansaremos de repetir que o tabaco favorece a irritação das vias aéreas superiores, predispondo à maioria dos processos explicados neste artigo, além de uma enormidade de outras patologias.