Se deseja engravidar, preste mais atenção ao seu corpo e encare esta fase com naturalidade, sem pressas e sem alarmismos.
Se está a pensar em ser mãe, tenha calma, antes de mais! Informe-se junto de fontes credíveis e seguras, e, sobretudo, “dispa-se” de preconceitos. Há muitos mitos em torno deste assunto, mas não acredite em tudo o que ouve. Nesta matéria, o melhor é guiar-se pela opinião dos especialistas.
“Quero ser mãe!”
Chegou aquela altura em que finalmente decide: “quero ser mãe!”. A partir deste momento começa a planear toda a sua vida em função desta decisão. Faz um calendário, altera as suas rotinas diárias no sentido de adquirir hábitos de vida mais saudáveis, quer a nível da alimentação, quer dos ritmos de sono. Muito provavelmente, opta por realizar uma visita ao médico e fazer análises para ver se está tudo em ordem. É neste momento que pensa: “agora vem a parte fácil: engravidar”.
Mito 1: “Terei algum problema?”
Por norma, esta é a primeira das muitas ideias preconcebidas com que as mulheres se deparam quando planeiam engravidar. Passam um, dois, três meses e… nada. A gravidez não acontece. Porque será? “Terei algum problema?” é um pensamento que, não raras vezes, assalta a sua mente.
Este é, pois, o primeiro mito a combater. Engravidar é algo que a maioria das pessoas pensa que deve acontecer de forma fácil e rápida. No entanto, para muitas mulheres, efetivar a conceção pode levar mais tempo do que aquele que é normalmente desejado. E, em parte, tal pode dever-se apenas ao facto de grande parte das mulheres ter um conhecimento muito limitado sobre a fertilidade e o seu ciclo menstrual, desconhecendo que são poucos os dias, em cada ciclo menstrual, em que a probabilidade de engravidar é maior.
A agravar este desconhecimento estão as ideias preconcebidas que correm sobre o assunto; e, nestas alturas de “desespero”, as mulheres estão sempre prontas a dar ouvidos aos palpites de familiares (em especial, da mãe e da sogra) e das amigas (em particular, as que já passaram pelo mesmo). As intenções são boas, mas muitos destes conselhos têm uma utilidade duvidosa.
Mito 2: “É só parar com o contracetivo e estou pronta para engravidar”
Isto até pode ser verdade, se o método contracetivo que utilizava era o preservativo ou outro tipo de contraceção de barreira, mas não é necessariamente verdade para a contraceção hormonal.
As pílulas e outros métodos hormonais de contraceção afetam os níveis de hormonas do organismo e os seus ciclos menstruais naturais, pelo que o mais provável é que o seu corpo necessite de algum tempo para se regularizar. Isto não quer dizer que é impossível engravidar logo após parar de tomar a pílula, mas pode levar algum tempo para que o seu organismo se sinta apto.
Mito 3: “Ficarei grávida se tiver relações sexuais 14 dias após o primeiro dia do período”
A não ser que tenha um ciclo perfeito de 28 dias (o que não é muito provável), não ovulará necessariamente ao 14.º dia do ciclo menstrual. A realidade é que o ciclo menstrual – características, periodicidade e duração – difere de organismo para organismo, e até de ciclo menstrual para ciclo menstrual.
Neste aspeto, a única parte que é uma constante – e que está cientificamente comprovada – é que o período mais fértil durante o ciclo menstrual ocorre sempre nos dois dias imediatamente anteriores ao dia de ovulação e no próprio dia da ovulação, porque é quando os níveis da hormona luteinizante se encontram mais elevados e desencadeiam a libertação de um ovócito (ovulação), o qual tem uma viabilidade aproximada de 12 a 24 horas. Por isso, o seu desafio está em saber identificar quando é que esses dias ocorrem, em cada um dos seus ciclos.
Mito 4: “Quantas mais vezes tiver relações sexuais, maior é a probabilidade de ficar grávida”
Nesta matéria, o timing é muito mais importante do que a frequência. O mais eficaz é concentrar todos os seus esforços na altura certa. Se falhar a ovulação, a probabilidade é, definitivamente, não conceber. Por isso, sinta-se à vontade para fazer um intervalo durante o resto do ciclo.
Mito 5: “Sexo é sexo: não temos de mudar nada para conceber”
Isto não é necessariamente verdade. Se o seu objetivo é conceber, há que fazer alguns ajustes no sentido de potenciar a conceção.
Seja qual for a posição utilizada durante a relação, há sempre uma parte da ejaculação que se “perde”. No entanto, quando em ovulação, o muco cervical adquire uma textura especial que permite uma maior aderência do esperma, aumentando as probabilidades de conceção. Assim, se não é imprescindível uma posição especial para manter o esperma no “sítio certo”, é bom utilizar posições que favoreçam uma penetração mais profunda, de forma a facilitar que a ejaculação ocorra o mais perto possível do colo do útero, maximizando as probabilidades de fertilização do óvulo.
Mito 6: “Somos ambos jovens e saudáveis, não devemos ter problemas em engravidar”
A saúde é essencial para a fertilidade, mas apenas porque se é saudável não quer dizer que se seja particularmente fértil. Sabemos que as mulheres se encontram no auge da fertilidade até aos 35 anos, mas nada indica que depois dessa idade vá ter problemas de fertilidade, tal como não há razão para acreditar que uma mulher com menos de 30 não os terá. A idade afeta a fertilidade, mas não a determina.
Mito 7: “Devemos procurar ajuda se estivermos a tentar conceber há mais de 6 meses sem sucesso”
Um casal apenas é considerado infértil depois de estar a tentar conceber durante um ano. Até lá, continuem a tentar e não se preocupem. Cerca de 80% dos casais saudáveis “engravidam” no período de um ano.
Mito 8: “Como o nosso primeiro filho ‘aconteceu’ de forma fácil e rápida, não vamos ter dificuldades em conceber o segundo”
Não é bem assim… Entretanto, há coisas que podem ter-se alterado. Há muitos casais a quem é diagnosticada infertilidade secundária, que é precisamente a infertilidade depois de terem o primeiro bebé.
Mito 9: “Devo fazer uma dieta antes de tentar engravidar, para aumentar as probabilidades de conceber”
Se tem um peso acima do ideal, deve mesmo procurar perder alguns quilos, pois a obesidade altera os níveis de insulina libertados pelo pâncreas na mulher, o que desencadeia uma super produção de hormonas masculinas pelos ovários e, por sua vez, a interrupção da libertação de óvulos. O excesso de tecido gorduroso aumenta a produção de estrogénio, que pode alterar o equilíbrio hormonal feminino e dificultar a gestação. O peso acima do ideal interfere também no ciclo hormonal da mulher e é um fator prejudicial à fertilidade.
Mas, seja qual for a situação, nesta fase, as mulheres devem procurar ter uma alimentação mais saudável e abandonar os maus hábitos, para promover a saúde do bebé.
Mito 10: “Para ajudar a identificar o período de ovulação devemos utilizar o método das temperaturas”
Está comprovado que a temperatura basal do corpo aumenta logo após a ovulação. Mas há muitos fatores que podem alterar a temperatura basal do organismo e é difícil identificar se este aumento se deve à ovulação ou a outro qualquer fator. Nesta matéria, um teste digital de ovulação será o seu maior aliado, já que, através da deteção do nível máximo da hormona luteinizante no seu organismo (que ocorre 24 a 36 horas antes da ovulação), lhe indica com precisão os dois melhores dias para a conceção.
O resto fica por sua conta!… Mas tenha sempre em consideração os factos que lhe apresentamos ao longo deste artigo.