O que tem de tão especial a dieta mediterrânica para se ter tornado tão famosa e unanimemente reconhecida? O seu segredo é, afinal, muito simples: trata-se de uma alimentação equilibrada, repleta de super-alimentos com propriedades preventivas e curativas.

Para os povos do Sul da Europa, entre os quais Portugal, a chamada dieta mediterrânica reflete uma alimentação tradicional, que pode ser facilmente preservada e revitalizada, num estilo de vida moderno.

A dieta mediterrânica tradicional constitui um excelente exemplo de como uma alimentação saudável pode ser aplicada no quotidiano. Na sua origem, a dieta mediterrânica – reconhecida enquanto tal na década de 60 do século passado – pode ser descrita pelas seguintes características gerais:

  • Abundância de alimentos de origem vegetal: frutas, verduras, cereais, tubérculos, leguminosas, frutos secos e sementes;
  • Alimentos de origem local, submetidos a um processamento mínimo e consumidos frescos, na respetiva época do ano;
  • Fruta fresca (sobremesa diária típica), com doces consumidos muito moderadamente e contendo açúcares concentrados ou mel;
  • Azeite, como principal fonte de gordura;
  • Lacticínios (principalmente queijo e iogurte), consumidos diariamente, em quantidades moderadas;
  • Peixe e aves consumidos em quantidades moderadas;
  • Carne vermelha consumida em quantidades muito reduzidas;
  • Não mais de 4 ovos consumidos por semana;
  • Vinho consumido em quantidades moderadas, normalmente durante a refeição.

Esta dieta contém uma baixa taxa de gorduras saturadas (menor ou igual a 8% da energia), com o total de gordura a oscilar entre 25 e 35% da energia, dependendo da área geográfica. Por outro lado, é muito rica em fibras, vitaminas e minerais, especialmente antioxidantes.

Tal como é aqui definida, esta dieta sempre esteve intimamente ligada a áreas de cultivo tradicional de oliveiras, na região do Mediterrâneo. Assim, a expressão genérica “dieta mediterrânica” refere-se, particularmente, aos padrões alimentares praticados nas áreas de cultivo de azeitona, no início da década de 60.

FILOSOFIA DE VIDA

Numerosos estudos no âmbito da nutrição, que têm vindo a realizar-se ao longo das últimas décadas, confirmam que as populações das áreas onde se pratica este tipo de alimentação registam uma esperança de vida das mais elevadas do mundo, a par de índices consideravelmente mais baixos de doenças coronárias, certos tipos de cancro e algumas outras doenças crónicas relacionadas com a dieta.

No entanto, este padrão alimentar tão benéfico para a nossa saúde tem vindo a sofrer influências, em grande parte devido à sociedade em que vivemos e à sedentarização das populações, associado ao consumo crescente de alimentos processados.

A implementação de hábitos de vida saudáveis, com uma alimentação racional e com a prática regular de exercício físico, deve ser uma constante e envolver toda a família. Por outras palavras: muito mais do que uma forma de combinar alimentos, a dieta mediterrânica é uma autêntica filosofia de vida, intimamente ligada à nossa cultura e tradição.

INCIDÊNCIA NA SAÚDE

Fruto da sociedade contemporânea e do ritmo de vida que esta nos impõe, descuidamos muitas vezes a nossa alimentação e distanciamo-nos do padrão de alimentação mediterrânico e dos seus comprovados benefícios para a saúde.

De facto, uma alimentação inadequada é um dos fatores de risco que maior impacto exerce sobre a saúde. Segundo dados estatísticos, o número de indivíduos com excesso de peso e obesidade tem vindo a aumentar significativamente, bem como o número de pessoas com peso extremamente baixo, o que cimenta a declaração da Organização Mundial de Saúde, quando afirma que “a situação nutricional decorrente de uma alimentação insuficiente, excessiva ou desequilibrada é hoje o principal problema de saúde no mundo”.

Leia o artigo completo na edição de Outubro 2023 (nº 342)