O fígado era um órgão quase desconhecido e algo misterioso, até há alguns anos. A vida não é possível sem o fígado ou quando ele está muito doente. Ao contrário do rim, não há uma máquina (hemodiálise) que o substitua. Importa saber, pois, como preservá-lo.
Artigo da responsabilidade do Prof. Rui Tato Marinho, Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.
Que órgão é este e o que faz? O fígado é um dos órgãos mais pesados do corpo humano, com cerca de 1,5kg, tem cor castanho escuro e localiza-se à direita, na parte superior do abdómen, protegido pelas costelas. Há quem diga que tem cerca de 5000 funções!
NO “TOP” DA MORTALIDADE
A dimensão das doenças do fígado é tal que se calcula que, em Portugal e na Europa, sejam a sétima causa de morte. Estima-se que possam morrer em Portugal cerca de 2500 pessoas por ano devido a doenças do fígado e das vias biliares. Já agora, convém explicar que as vias biliares são “canais” muito finos que transportam a bílis do interior do fígado para o intestino.
Em Portugal, as doenças do fígado matam muito mais do que outras bem conhecidas do grande público, como sejam a SIDA ou o melanoma.
Quando se fala em mortes por doenças do fígado, há que considerar um conjunto de várias situações: cirrose hepática, cancro do fígado e doença do fígado associado à infeção pelo VIH (a chamada coinfeção, quando se é portador dos dois vírus, VIH e vírus da hepatite C).
AS MAIS GRAVES
As doenças mais graves são a cirrose e o cancro primitivo do fígado. A cirrose é um estado de destruição do fígado: o órgão fica repleto de “cicatrizes”, muito duro, por vezes como uma pedra, reduz-se de tamanho e a sua superfície torna-se irregular, como estivesse cheio de “caroços”.
As causas principais de cirrose são três: o consumo excessivo de álcool, a hepatite C e o excesso de peso. Esta última causa é um problema crescente.
ÁLCOOL – Portugal é dos países do Mundo onde se consomem mais bebidas alcoólicas. Pensa-se que possam existir em Portugal cerca de 1,5 milhões de portugueses com consumo excessivo de álcool, dos quais metade podem ser considerados alcoólicos. O consumo excessivo ao fim-de-semana tem sido muito frequente nos jovens, sendo chamado também de “binge-drinking”. Define-se pelo consumo rápido de álcool: 5 bebidas em duas horas no sexo masculino e 4 no sexo feminino.
HEPATITE C – Estima-se que possam existir em Portugal cerca de 70.000 a 100.000 pessoas com o teste positivo para a hepatite C (anti-VHC). Mas nem todos terão o vírus ativo. O Infarmed identificou nos hospitais do SNS cerca de 13.000 infetados. Destes, estima-se que 40% possam já ter cirrose e, portanto, um risco muito elevado de evolução para cancro do fígado.
Leia o artigo completo na Edição de janeiro 2016 (nº 257)
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