O cancro colorretal, como várias outras formas de cancro, tem sido objeto de sucessivos avanços na área do tratamento, nos anos mais recentes.

Artigo da responsabilidade do Dr. António Quintela. Oncologista no Hospital CUF Descobertas

 

Antes de mais, convém precisar dois aspetos:

  • Ao falarmos, neste momento, de cancro colorretal, referimo-nos ao tipo largamente mais comum que é o adenocarcinoma. Outros tipos de cancro poderão ocorrer, mas são francamente mais raros e suscetíveis de outros tratamentos (para o que agora não é possível detalhar);
  • O termo “colorretal” refere-se ao que, de forma mais comum, se designa de intestino grosso, que é uma estrutura contínua. Mas, anatomicamente, devem individualizar-se duas partes: o cólon e o reto, sendo este o segmento terminal (que termina no ânus).

Os tumores do cólon e reto têm um comportamento biológico (ou seja, um processo de desenvolvimento) semelhante, mas sendo a sua anatomia diferente, poderá implicar tratamentos diferentes

Avanços terapêuticos

Tem sido no crescente conhecimento da biologia destes tumores que se têm baseado os progressivos avanços terapêuticos.

A base de qualquer tratamento em Medicina assenta num correto diagnóstico. Em Oncologia, um diagnóstico adequado pressupõe sempre fazer o estadiamento da doença, isto é, conhecer a real extensão da doença. Nomeadamente, perceber se está limitada ao cólon (ou ao reto) ou se passou (metastizou) para outro(s) órgão(s).

Nos casos em que a doença está confinada ao órgão, a cirurgia continua a ser o método de tratamento desejável.

No caso particular dos tumores do reto, em algumas circunstâncias, pode ser necessário adicionar à cirurgia outras formas de tratamento, como a radioterapia e a quimioterapia – que em casos bem selecionados, podem ser tão eficazes que podem mesmo dispensar a cirurgia.

Noutras situações, o tumor pode já ter passado para outros órgãos – isto é, metastizou. Tal pode verificar-se quer na altura em que se faz o diagnóstico, quer algum tempo mais tarde após uma cirurgia. Nesta circunstância, a indicação para fazer cirurgia é mais limitada (eventualmente também indicada), sendo bem mais comum a necessidade de fazer tratamentos medicamentosos.

Tratamentos medicamentosos

Entre estes tratamentos, salienta-se a quimioterapia, mas também as chamadas terapêuticas-alvo e a imunoterapia. Estas duas últimas formas de tratamento medicamentoso são o exemplo de como um melhor conhecimento da biologia tumoral permitiu o desenvolvimento de novos medicamentos, bem como a identificação de que estas modalidades de tratamento não são para todos os doentes. São para aqueles cuja doença tenha determinadas características (biológicas) que antecipem o seu benefício – e isso é já hoje prática corrente mediante a análise de características genéticas/moleculares que se solicitam antes da definição do tratamento.

Equipa multidisciplinar é fundamental

Claro que o recurso a vários tipos de tratamento requer a intervenção de especialistas diferentes, experientes nessas formas de terapêutica (cirurgiões, radio-oncologistas, oncologistas), mas pressupõe, também, a adequada articulação com várias outras especialidades, nomeadamente, na área de diagnóstico (Imagiologia, Anatomia Patológica, Medicina Nuclear, entre outras)

Leia o artigo completo na edição de março 2023 (nº 336)