O fígado gordo é uma patologia de causas ainda mal esclarecidas, que afeta, principalmente, indivíduos obesos, com diabetes e valores elevados de colesterol e triglicéridos no sangue. Na sua forma mais agressiva, pode evoluir para cirrose.

Um número crescente de portugueses sofre do chamado fígado gordo. Trata-se da inflamação da gordura acumulada nas células hepáticas e uma doença prevalente nos países industrializados, sendo mais frequente em indivíduos obesos, com diabetes, sobretudo a do tipo II e que têm valores elevados do colesterol e triglicéridos no sangue.

A doença hepática associada ao fígado gordo pode resultar de um consumo excessivo de bebidas alcoólicas, mas também aparece em pessoas que nunca beberam ou que bebem em quantidades mínimas: é a chamada esteatose hepática não alcoólica.

Fatores associados

As causas e os mecanismos de produção da doença não são ainda bem conhecidos, mas há diversos fatores que parecem estar associados ao fígado gordo não alcoólico:

  • Nutricionais – Obesidade, desnutrição;
  • Endócrinos – Diabetes, dislipidemias; e
  • Tóxicos – Alguns medicamentos.

Nas pessoas que não bebem álcool em quantidade excessiva, não é claro como se acumula a gordura nas células hepáticas. A gordura chega ao fígado através da dieta ou da gordura acumulada no tecido adiposo. Em condições normais, a gordura da dieta é metabolizada pelo fígado. Se a quantidade excede a necessária ao organismo, a gordura acumula-se no tecido adiposo. Existem alterações metabólicas, de possível causa genética ou induzidas por certos medicamentos ou por outras doenças metabólicas, que podem alterar a regulação do metabolismo da gordura no fígado e causar a sua acumulação ou, eventualmente, aumentar a sua produção.

Atualmente, decorrem várias investigações nesta área, destinadas a encontrar agentes que possam corrigir os defeitos metabólicos e eliminar os depósitos de gordura hepática.

Como se diagnostica?

Em geral, a gordura no fígado não produz sintomas, porque o depósito é, quase sempre, lento. O fígado gordo deteta-se como um achado acidental de uma ecografia hepática ou porque aparecem enzimas hepáticos –  transaminases –  elevados no sangue, num exame de rotina ou numa investigação por outra doença.

Muitas vezes, a situação não é valorizada, inicialmente, pelo médico ou pelo doente e, só muito mais tarde, aparecem as manifestações de doença hepática crónica.

A maioria dos doentes não apresenta sintomas ou, raramente, queixa-se de cansaço ou dor no quadrante superior direito do abdómen. O diagnóstico de certeza implica uma biopsia hepática.

Tratamento

Não existe um tratamento específico para o fígado gordo. A recomendação atual é no sentido de tratar as doenças associadas, como a obesidade, a diabetes e a dislipidemia. Para tal, devem adotar-se medidas que conduzam à regressão ou que evitem a evolução para situações mais graves de inflamação hepática ou de cirrose.

É importante conseguir uma alteração nos comportamentos, com vista a uma vida mais saudável, o que passa, essencialmente, por uma alimentação equilibrada e pela perda de peso. O exercício físico, juntamente com a dieta, permitem prevenir a obesidade e podem atenuar o problema do fígado gordo.

Deve haver, também, o cuidado de evitar o consumo de bebidas alcoólicas ou a ingestão de medicamentos que possam ser tóxicos para o fígado, como certos antibióticos, corticoesteroides e certos antiarrítmicos.

Leia o artigo completo na edição de dezembro 2022 (nº 333)