A união entre tecnologia, medicina personalizada e experiência clínica está a transformar o tratamento do cancro do rim.
Artigo da responsabilidade do Dr. David Subirá. Coordenador de Urologia no Hospital CUF Tejo

O cancro do rim representa cerca de 3% dos novos casos oncológicos em Portugal. A boa notícia é que, com o aumento da utilização de exames como ecografias, TACs e ressonâncias magnéticas, muitos tumores renais estão a ser descobertos antes de causarem sintomas. Quando o diagnóstico é precoce, é possível optar por cirurgias mais conservadoras, que tratam o problema e preservam o rim.
Sempre que possível, os médicos escolhem a nefrectomia parcial, uma técnica que remove apenas o tumor e mantém o resto do rim saudável. Isso faz toda a diferença para proteger a função renal ao longo da vida.
UMA NOVA FORMA DE CUIDAR DO RIM
Durante muitos anos, após remover o tumor, o rim era fechado com pontos internos. Embora eficaz, esse processo podia causar lesões no tecido saudável e aumentar o risco de complicações, como sangramento ou perda de função renal.
Para resolver esse desafio, surgiu a técnica RSD — Renal Sutureless Device. O nome pode parecer técnico, mas a ideia é simples: reconstruir o rim sem necessidade de pontos internos, usando um pequeno molde adaptado ao corpo do doente. Esta inovação ajuda o rim a cicatrizar com mais segurança e menos agressividade.
A técnica RSD foi publicada em 2023 numa revista científica internacional e, em 2024, destacada como uma das inovações mais promissoras na área da cirurgia renal sem suturas.
TECNOLOGIA AO SERVIÇO DA SAÚDE
A técnica RSD aplica o melhor da medicina personalizada: exames de imagem criam um modelo 3D do rim e do tumor de cada doente. A partir daí, é produzido um molde feito com materiais absorvíveis e flexíveis, pensado para encaixar com precisão no local onde o tumor foi removido. Este molde controla o sangramento e ajuda o rim a cicatrizar, tudo sem necessidade de pontos. Isso reduz o trauma cirúrgico e acelera a recuperação.
ROBOTS NA SALA DE CIRURGIA
A RSD é realizada com o apoio da cirurgia robótica, que permite ao médico operar com movimentos muito mais delicados e visão ampliada em 3D. O robot não faz a cirurgia sozinho – é sempre o cirurgião que controla tudo – mas oferece mais precisão, menos riscos e melhores resultados.
RESULTADOS MUITO POSITIVOS
A técnica RSD já foi usada com sucesso em várias pessoas com tumores entre 2 e 7,5 cm. Nenhuma teve complicações graves ou precisou de transfusões, e a alta hospitalar foi possível em apenas dois dias. Em todos os casos, a função renal foi preservada.
Leia o artigo completo na edição de setembro 2025 (nº 363)














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