Cuidar da audição é essencial para preservar a capacidade auditiva ao longo da vida. A exposição frequente a níveis altos de ruído é uma das causas mais comuns de danos permanentes à audição.
Artigo da responsabilidade de António Ricardo Miranda. Presidente de Direção da Associação OUVIR – Associação Portuguesa de Portadores de Próteses e Implantes Auditivos
Existem várias razões pelas quais mais jovens estão a usar aparelhos auditivos e, particularmente, próteses auditivas. Uma delas é a exposição frequente a níveis altos de ruído, como música alta e fones de ouvido. Além disso, os problemas auditivos também podem ser hereditários ou causados por infeções, lesões ou doenças. A surdez pode, igualmente, ter sido causada por medicação ototóxica tomada na infância, apesar de atualmente existir um maior cuidado.
PRESERVAR A AUDIÇÃO
Cuidar da audição é essencial para preservar a capacidade auditiva ao longo da vida. A exposição frequente a níveis altos de ruído é uma das causas mais comuns de danos permanentes à audição. É importante, por isso, proteger os ouvidos usando os fones com volume adequado e evitando ambientes barulhentos por longos períodos de tempo.
Mais de um bilião de pessoas em todo o mundo correm o risco de sofrer danos auditivos devido a práticas auditivas recreativas inseguras. Para combater esses riscos, a Organização Mundial de Saúde criou a iniciativa “Make Listening Safe”, em 2015.
“Tornar a audição segura” visa criar um mundo onde pessoas de todas as idades possam desfrutar da audição recreativa sem riscos para a audição.
A abordagem desta iniciativa é mudar as práticas e comportamentos de escuta. A OMS pretende alcançar este objetivo através de:
- aumento da conscientização sobre a necessidade e os meios para ouvir com segurança; e
- implementação de padrões baseados em evidências que possam facilitar a mudança de comportamento em grupos da população-alvo.
OS TRÊS PILARES DA INICIATIVA
A missão da “Make Listening Safe” é executada através de três pilares principais, desenvolvidos e executados em colaboração com todas as partes interessadas na área. A saber:
- Criação de padrões baseados em evidências – A OMS cria padrões que descrevem características de escuta segura para uma variedade de situações em que práticas inseguras são comuns.
- Aumento da consciencialização – A OMS desenvolve e divulga materiais de sensibilização baseados em evidências para uma escuta segura.
- Investimento em pesquisa – A investigação sobre a escuta segura é realizada em colaboração com os parceiros globais para compreender melhor a situação atual, para garantir que a OMS aproveita as melhores práticas atuais em todo o mundo e para descobrir a necessidade futura de intervenções de escuta segura.
MAIOR CONSCIENCIALIZAÇÃO
Em Portugal, é importante que sejam implementadas medidas legislativas para combater e prevenir as consequências da exposição ao ruído alto. Isso pode incluir a definição de limites de ruído em diferentes ambientes, como locais de trabalho, espaços públicos e residenciais.
Além disso, é necessário promover a consciencialização sobre os riscos do ruído excessivo e educar a população sobre a importância de proteger a audição. Também é crucial garantir que existam mecanismos de fiscalização e aplicação da legislação, para garantir o cumprimento dessas medidas.
Dessa forma, será possível reduzir os efeitos negativos do ruído alto na saúde auditiva das pessoas em particular dos jovens.
Acredito que uma maior consciencialização sobre o uso de protetores e tampões auditivos é essencial para prevenir danos causados pela exposição ao ruído alto. Para promover essa consciencialização, seria importante realizar campanhas de educação pública, informando sobre os riscos do ruído excessivo e destacando a importância de proteger a audição.
Da mesma forma, seria benéfico incentivar o uso de protetores e tampões auditivos em ambientes barulhentos, como festivais, shows e locais de trabalho ruidosos. Essas medidas podem ajudar a reduzir os danos causados pelo ruído e preservar a saúde auditiva.
RECURSO A APARELHOS AUDITIVOS
Os convencionais aparelhos auditivos – as próteses auditivas – não são apenas a solução auditiva para as pessoas mais velhas. Existem cada vez mais jovens que enfrentam a surdez.
Novos estudos sugerem que, pelo menos, mais de dois terços dos adultos acima dos 70 anos têm algum tipo de surdez (muitos deles por envelhecimento ou presbiacusia). No entanto, somente 30% deles usam próteses auditivas e numa pequena percentagem com surdez severa a profunda seria aconselhado a implantação de dispositivos.
Uma vez perdidas as células do ouvido interno, as células ciliadas, que transmitem o som para o nervo auditivo, não será possível substitui-las. A única forma para compensar essa perda auditiva é através da sua reabilitação, com aparelhos auditivos.
BARREIRA ECONÓMICA
Cada vez existem mais aparelhos auditivos de tecnologia avançada, mais robustos e potentes. Atualmente, a tecnologia permite que estes possam ter características como o bluetooth, ajuste por software através de telemóvel, assim como funcionalidades para ajuste da música ou som que captam.
Enquanto aumenta a oferta dos aparelhos auditivos, porque existe uma gama maior e alguns mais avançados tecnologicamente, também tendem a tornar-se mais caros, o que constitui uma barreira ao acesso para algumas pessoas, do ponto de vista económico.
São poucos os seguros de saúde que comportam e comparticipam este tipo de equipamentos. O facto de se usarem aparelhos auditivos com baterias também implica que, após um longo uso, deixem de funcionar ou deixe de haver o recurso de baterias para substituição.
Em Portugal, os aparelhos auditivos podem ser adquiridos tanto através do Serviço Nacional de Saúde, como por meio de investimento privado. No SNS, é necessário passar por uma consulta de especialidade e cumprir os critérios definidos para ter acesso aos aparelhos auditivos gratuitamente, por comparticipação do Estado.
Caso não se enquadre nos critérios do SNS ou prefira uma opção mais personalizada, é possível adquirir aparelhos auditivos através de investimento privado em centros auditivos ou clínicas especializadas.
You must be logged in to post a comment.