A fibrose pulmonar é, na realidade, um conjunto de doenças nas quais os pulmões se vão progressivamente tornando rígidos e secos, dificultando cada vez mais a absorção de oxigénio. Podemos comparar os pulmões de uma pessoa com fibrose a uma esponja dura e seca que não consegue mais absorver água.

Artigo da responsabilidade do Dr. Tiago Alfaro. Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e diretor da Unidade de Inovação e Desenvolvimento da ULS Coimbra

 

Existem muitas causas de fibrose pulmonar. Nas idades mais jovens, antes dos 60 anos, o mais frequente são as doenças autoimunes, como a esclerose sistémica ou a artrite reumatoide. Também nestas idades pode ocorrer doença ocupacional, como a silicose, causada por exposição a pó de pedra, ou a hipersensibilidade a proteínas das fezes e penas de aves, nos seus criadores ou os fungos nas habitações com muita humidade.

Nas idades mais avançadas, a doença muitas vezes não apresenta uma causa identificável, e é mais comum em fumadores ou ex-fumadores do que naqueles que nunca fumaram. Nestas idades, o diagnóstico é, maioria das vezes, de fibrose pulmonar idiopática, uma das formas mais graves e progressivas da doença.

Fatores familiares podem associar-se a doença mais precoce. Existem ainda outras causas raras, como doenças genéticas, medicação ou radioterapia.

Os sintomas das pessoas com fibrose pulmonar são pouco específicos, mas passam quase sempre por tosse seca e cansaço progressivo ao longo de semanas ou meses. Uma simples história clínica e auscultação poderão identificar esta suspeita, que será confirmada pela tomografia computorizada de alta resolução (TCAR).

O estudo a seguir é normalmente realizado por um pneumologista e passa por análises ao sangue, endoscopia aos pulmões e, ocasionalmente, por biópsia pulmonar.

Tendo um diagnóstico estabelecido, é altura e iniciar tratamentos que estabilizam a função respiratória e evitam a progressão da doença. Os tratamentos mais comuns são os antifibróticos em algumas formas de fibrose e a imunossupressão em outras formas, embora os antifibróticos possam ser sempre usados após a imunossupressão se a doença continuar a progredir.

Além dos medicamentos, existe um conjunto de tratamentos não farmacológicos eficazes, como a reabilitação respiratória, o oxigénio de deambulação e de longa duração, além de, em doentes com menos de 70 anos, não fumadores e com boas condições pessoais e sociais, o transplante pulmonar.

É muito importante estar alerta para o cansaço e tosse seca persistentes, consultando o médico pneumologista. O diagnóstico deve ser feito o mais precocemente possível, uma vez que os tratamentos atuais estabilizam a doença, mas não a curam.

Finalmente, é fulcral apostar na investigação biomédica e clínica da fibrose pulmonar, para que novos tratamentos sejam desenvolvidos e disponibilizados.

A melhor solução é a sempre a prevenção, por isso, importa recordar que o tabaco é um fator de risco – não fume pela sua saúde! – e que o exercício físico regular permite lidar melhor com a doença.