Diagnóstico de doenças cardíacas: o que há de novo?

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal. Responsáveis por cerca de 35 mil mortes anualmente, representam um terço de toda a mortalidade da nossa população. Nos últimos anos, as inovações tecnológicas têm permitido melhorar muito o diagnóstico das doenças do coração, através do desenvolvimento de ferramentas e métodos mais precisos, menos invasivos e com capacidade para as detetarem mais precocemente.

Artigo da responsabilidade da Dra. Rita Duarte. Cardiologista no Hospital CUF Descobertas e na Clínica CUF Miraflores

Nos últimos anos, a Cardiologia tem tido uma série, muito importante, de avanços tecnológicos. Estas inovações não só melhoraram a precisão dos diagnósticos, mas também tornaram os procedimentos mais seguros e confortáveis para os doentes.

Entre os métodos de diagnóstico que mais têm evoluído, é de salientar um dos exames de imagem mais importantes e de fácil acesso na área da Cardiologia: a ecocardiografia. Este exame permite obter imagens detalhadas do coração em movimento, permitindo aos especialistas avaliar a função cardíaca em tempo real.

NOVAS FERRAMENTAS

Dentro da ecocardiografia, têm surgido várias modalidades e ferramentas novas, que contribuem para aumentar a visibilidade e, consequentemente, a precisão do exame. Por exemplo, a ecocardiografia tridimensional permite visualizar o coração em várias dimensões, auxiliando no diagnóstico de condições como a insuficiência cardíaca e as cardiomiopatias.

Outro bom exemplo é a ecocardiografia com doppler, que permite medir o fluxo sanguíneo nas válvulas e câmaras do coração, detetando obstruções – as chamadas estenoses – e insuficiências das válvulas do coração.

Uma modalidade de ecocardiografia também muito importante, e a que cada vez mais recorremos, é a ecocardiografia de sobrecarga, que pode ser realizada enquanto o doente faz exercício – por exemplo, numa passadeira – ou com recurso a fármacos que simulam o esforço físico. Usamo-la nos doentes em que suspeitamos de doença coronária.

DETETAR A DOENÇA CORONÁRIA

Esta doença que afeta as artérias que levam o sangue, os nutrientes e o oxigénio até ao coração, se não for detetada e tratada atempadamente, pode levar ao desenvolvimento de isquemia do miocárdio, que tem como principal sintoma a dor no peito e caracteriza-se pela diminuição do fluxo sanguíneo para o músculo do coração (o miocárdio), mais tipicamente durante o esforço físico. Em casos mais graves, pode ocorrer mesmo em repouso e estar na origem de um enfarte agudo do miocárdio, que pode ser fatal.

Por vezes, também pode ser necessário realizar uma ecocardiografia transesofágica. Este exame permite obter imagens de alta qualidade do coração e é muito útil na deteção de doenças como infeções nas válvulas cardíacas – as chamadas endocardites – ou na quantificação de algumas insuficiências, nomeadamente da insuficiência mitral.

IMAGENS DETALHADAS

Outras inovações importantes, ao nível das tecnologias que auxiliam os cardiologistas no diagnóstico das doenças cardiovasculares, registaram-se nos campos da ressonância magnética cardíaca e da tomografia computadorizada (TC ou TAC, como é habitualmente conhecida), que permitem obter imagens cada vez mais detalhadas e com maior resolução do coração e das artérias.

A tomografia computadorizada cardíaca fornece muitas informações sobre o nosso coração. Na angiografia por TC com contraste é possível visualizar, com uma grande nitidez, as artérias coronárias, sendo um exame essencial para a deteção de obstruções nas artérias e para o diagnóstico de casos de aterosclerose.

Por sua vez, a TC cardíaca sem contraste é um exame útil para quantificar o nível de cálcio dentro das artérias coronárias, um dado importante na avaliação do risco cardiovascular dos doentes.

Mas as possibilidades não se esgotam aqui. A tomografia computadorizada cardíaca de alta resolução permite, também, obter outras imagens do nosso coração, tornando possível uma melhor e mais precisa visualização de algumas anomalias estruturais.

Já a ressonância magnética cardíaca, por sua vez, utiliza campos magnéticos e ondas de rádio para criar imagens detalhadas do coração. Esta tecnologia é particularmente útil para avaliar a estrutura e a função do músculo cardíaco e das válvulas, podendo também ser utilizada, tal com o ecocardiograma de sobrecarga, na deteção de isquemia do miocárdio.

Leia o dossier completo na edição de fevereiro 2025 (nº 357)