A pornografia pode, aquando de um consumo moderado, potenciar a intimidade de um casal. Os problemas surgem quando o consumo se torna disfuncional.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Catarina Lucas, Psicóloga; Direção e Coordenação Técnica do Centro Catarina Lucas

 

O consumo de pornografia tem aumentado significativamente ao longo dos últimos anos, muito devido à facilidade de acesso que a era digital proporciona e à forma como este tipo de acesso preserva o anonimato. Já não é necessário expor-se ao comprar uma revista com conteúdo sexual. Hoje, tudo está à distância de um clique, o que faz com que a indústria da pornografia prolifere e ganhe milhões.

De modo geral, o consumo de pornografia foi sendo olhado como um assunto tabu, algo reprovável e imoral. Com o avançar dos anos, começou, de algum modo, a normalizar-se este comportamento e até mesmo a ser incluído em algumas terapias sexuais, como potenciador da excitação sexual, entre outros aspetos.

A pornografia pode, aquando de um consumo moderado, potenciar a intimidade de um casal, despertar para outras práticas menos convencionais ou ajudar a conhecer o corpo tanto do homem como da mulher. Nada de preocupante existe nestas situações, muito pelo contrário: é importante que a pessoa e os casais estejam à vontade com esta temática.

Quais os perigos do consumo de pornografia?

  • Comportamento aditivo

São cada vez mais os casos de consumos disfuncionais de pornografia, os quais se transformam num vício e, à semelhança de outros comportamentos aditivos, como o jogo, o álcool ou as drogas, pode destruir a vida da pessoa ou minar os seus relacionamentos interpessoais.

Quando um indivíduo consome pornografia de modo desajustado, a sua vida começa a ser afetada a vários níveis. São criados hábitos que, muitas vezes, implicam estar até tarde a ver pornografia, o que vai implicar uma diminuição da energia e produtividade no dia seguinte, às vezes com consequências para a vida profissional.

Quem está em relações estáveis acaba também por se confrontar com desencontros de horários entre o casal, começando a deitar-se em horários diferentes, por exemplo.

É vivenciada uma ansiedade que a pessoa apenas consegue diminuir ao realizar o ato compulsivo de visualizar pornografia, tal como acontece com outro tipo de comportamentos aditivos. Estudos indicam que, uma em cada dez pessoas se encontra em situação de adição de pornografia.

Leia o artigo completo na edição de maio 2019 (nº 294)