Uma microbiota intestinal desequilibrada, com excesso de bactérias associadas a inflamações, pode levar ao aumento do armazenamento de gordura e desejo por alimentos ricos em açúcar e gorduras. Quando pensar em perder peso, pense na ótica da saúde do intestino.

Artigo da responsabilidade de Sofia Novais. Health Coach certificada em Nutrição Integrativa. Especialização em Saúde do Intestino.

 

É do conhecimento geral que a alimentação e a atividade física são fatores-chave quando o objetivo é a perda de peso. No entanto, muitas vezes, a abordagem nutricional está muito mais focada na contagem de calorias, ao invés da contagem de micro e macro nutrientes e da saúde do intestino.

Existe uma vasta investigação científica que estuda a correlação entre a composição da microbiota intestinal e o excesso de peso e têm-se vindo a demonstrar que pessoas com défice de determinadas bactérias intestinais, benéficas para a saúde, têm maior tendência a desenvolver obesidade e dificuldade em emagrecer.

PAPEL DO INTESTINO

O intestino tem um papel premente na saúde em geral e, quando falamos de equilibrar o peso corporal, não é exceção. Antes de nos preocuparmos com a contagem das calorias para atingir determinados objetivos de peso corporal, temos que nos focar na saúde do intestino e no equilíbrio da microbiota intestinal.

  • É fundamental que o intestino esteja apto para desempenhar as suas funções vitais. O intestino tem um papel crucial para o emagrecimento, nomeadamente:
  • Promover uma digestão eficiente;
  • Transformar alimentos em nutrientes;
  • Transformar alimentos em ácidos gordos de cadeia curta (associados a níveis mais baixos de inflamação e proteção contra a obesidade);
  • Melhorar a sensibilidade à insulina;
  • Estimular a queima de gordura como fonte de energia;
  • Reduzir o armazenamento de gordura.

O QUE É A MICROBIOTA INTESTINAL?

Mas, afinal de contas, o que é a microbiota intestinal e qual o seu papel na perda de peso?

A microbiota intestinal é um conjunto de microrganismos vivos que residem no nosso intestino e que desempenham funções essenciais para um metabolismo regulado e eficaz. No entanto, existem microrganismos bons e outros menos interessantes. As bactérias boas são aquelas que nos interessa ter em maior quantidade e estas ajudam a regular o peso, promovendo a digestão eficiente e a controlar inflamações.

Por outro lado, uma microbiota desequilibrada (a chamada disbiose), com excesso de bactérias associadas a inflamações, podem levar ao aumento do armazenamento de gordura e desejo por alimentos ricos em açúcar e gorduras. Sim, é verdade: muitas vezes, esses desejos impulsivos por alimentos nocivos para a saúde não são seus, mas sim das bactérias menos boas que estão a sinalizar a necessidade de serem alimentadas com ingredientes desinteressantes.

Quando existe disbiose é muito provável que também exista um quadro de desequilíbrios hormonais, tais como a grelina (que sinalizada a fome) e peptídeo (que sinaliza a saciedade).

Estas, quando desequilibradas, dão estímulos inadequados às necessidades efetivas do organismo. Equilibrar estas hormonas é premente, quando queremos perder peso e isso só se consegue com um intestino saudável.

Dito isto, já percebemos que é fundamental povoar o nosso intestino com bactérias boas e, gradualmente, deixar as bactérias menos boas “morrerem à fome” para promover a saúde, a vitalidade e, consequentemente, não termos intrusos a dificultar os objetivos de peso ideal.

Um dos papéis mais fascinantes na nutrição integrativa é apoiá-lo a conhecer o seu corpo e os sinais que ele dá. Assim, é importante tomar consciência sobre si próprio e perceber se o seu intestino está a prejudicar os seus objetivos de peso ideal.

Leia o artigo completo na edição de abril 2025 (nº 359)