Sobejamente conhecido pelo universo feminino, o cancro da mama também pode afetar os homens. Apesar de raro, a sua incidência entre o sexo masculino tem vindo a aumentar. Apontam-se como principais causas para este fenómeno os fatores hormonais, genéticos ou mesmo ambientais. Tal como acontece com as mulheres, a prevenção é a melhor forma de evitar a doença.
Artigo da responsabilidade do Dr. Pedro Antunes Meireles. Médico oncologista, Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil
A relação entre o cancro da mama e as mulheres é sobejamente conhecida, mas pouco se sabe sobre a forma como afeta os homens. A baixa incidência desta patologia no sexo masculino (segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, em Portugal, o cancro da mama no homem representa cerca de 1% de todos os cancros da mama), faz com que o rastreio não seja prioritário, o que condiciona a deteção precoce da patologia. A presença de sintomas como nódulos na mama, alterações na pele ou no mamilo e feridas que não saram devem levar, também os homens, a contactar o médico de família.
FATORES DE RISCO
A genética é um dos principais fatores de risco do cancro da mama masculino. Se o homem for portador de uma mutação genética familiar com risco de cancro da mama ou tiver algum familiar com diagnóstico de cancro da mama masculino, deve ser vigiado numa consulta de risco familiar e realizar vigilância anual, através de mamografia e ecografia mamária.
Outros fatores considerados de risco, como é o caso da ginecomastia (aumento benigno de tecido mamário glandular nos homens), o uso de suplementos de estrogénio ou a síndrome de Klinefelter (condição que ocorre quando um rapaz nasce com um cromossoma X extra), também são merecedores de atenção e de controlo regular.
Pela sua baixa incidência, todos os homens com cancro da mama têm indicação para se submeterem a uma avaliação genética. Realizada numa consulta de Genética/Risco Familiar, para além de influenciar o tratamento e a vigilância de quem foi diagnosticado com a patologia, esta avaliação pode ser fundamental na deteção precoce da doença nos seus familiares.
DIAGNÓSTICO
Semelhante ao da mulher, o diagnóstico clínico de cancro da mama no homem é realizado através de mamografia, ecografia e/ou ressonância magnética mamárias e biópsia do tumor. Poderão ser também ser necessários outros exames de imagem, como TAC toraco-abdomino-pélvica, cintigrafia óssea ou PET-TC, para avaliar a extensão da doença e, no fundo, para perceber se está circunscrita à mama ou se se espalhou por outras zonas do corpo.
TRATAMENTOS…
Atualmente, há vários tratamentos disponíveis no combate ao cancro da mama e estes podem ser combinados entre si. Entre os mais comuns, encontramos a cirurgia (no caso do homem, a mastectomia é uma opção muito frequente), a radioterapia, a quimioterapia, a terapêutica-alvo, a imunoterapia e/ou a hormonoterapia. A opção por determinado(s) tipo(s) de tratamento(s) está a cargo de uma equipa multidisciplinar e terá em conta o tipo e o estádio do cancro.
… E EFEITOS SECUNDÁRIOS
A opção pela quimioterapia leva, frequentemente, à queda de cabelo e ao cansaço. No caso da terapêutica hormonal é natural que haja uma diminuição dos níveis de testosterona e da libido.
A sexualidade também pode ser afetada. Apesar de não existirem contraindicações para a prática de relações sexuais, durante os tratamentos é aconselhado o uso do preservativo. No caso duma eventual gestação, o sémen pode conter vestígios de quimioterapia, o que pode prejudicar o parceiro e há uma grande probabilidade de se desenvolverem malformações no bebé.
You must be logged in to post a comment.