As investigações científicas em torno da cura para muitos tipos de cancro avançam a passos largos e firmes. É preciso deixar de pensar que o cancro é sinónimo de doença terminal.  O índice de sobrevivência é cada vez maior e os tratamentos atuais permitem a cura total em cerca de metade dos casos diagnosticados.

 

Num check-up de rotina, uma das análises mostra alguns níveis alterados. O paciente não apresenta quaisquer sintomas, mas o médico decide efetuar mais exames de despiste, os quais acabam por revelar a existência de um pequeno tumor nalguma parte do corpo. Soa, instantaneamente, o alarme do pânico: o tumor é imediatamente relacionado com o cancro.

Contudo, é preciso saber que um tumor não é necessariamente maligno e que, na grande maioria dos casos, tratado atempadamente, pode ter consequências mínimas. A deteção precoce é a aposta mais eficaz na luta contra o cancro. Neste momento, enquanto a cura ainda não é possível em todos os casos, os especialistas insistem que os controlos periódicos de saúde são o melhor instrumento para aumentar as probabilidades de vencer a doença.

Mais de 200 doenças

A designação genérica de cancro abarca mais de 200 tipos de doenças, ou seja, de tumores malignos, também designados por neoplasias. Cada uma possui características particulares, com causas, evolução e tratamento específicos.

As células do corpo humano dividem-se e multiplicam-se de acordo com as exigências de funcionamento do organismo. Subitamente, uma das células sofre uma mutação, muda de forma e todas as suas descendentes surgem danificadas. A divisão descontrolada das células, ao cabo de algum tempo, variável de caso para caso, dá lugar ao um tumor ou nódulo.

Se estas células rebeldes não tiverem capacidade para invadir e destruir outros órgãos, falamos de tumores benignos. Pelo contrário, se as células alteradas, além de crescerem sem controlo, sofrerem novas mutações e adquirirem a capacidade de invadir os tecidos próximos e, inclusive, proliferarem para outras partes do corpo – metástases –, então, falamos de tumores malignos.

A perigosidade de um tumor é determinada pela agressividade das células, isto é, pela maior ou menor capacidade de invasão.

Genética e fatores ambientais

Os hábitos de vida são fundamentais no que se refere ao desenvolvimento de certas patologias e as doenças oncológicas não escapam à regra: fumar aumenta as probabilidades de sofrer cancro do pulmão ou do esófago; o álcool potencia o cancro do fígado e o do estômago; e muitos outros exemplos poderiam ser referidos.

Cerca de 75 a 80% dos casos devem-se a fatores externos; quanto aos restantes 20 a 25%, desconhecem-se os fatores concretos que podem originar o seu aparecimento. Nalguns casos – cerca de 5% –, há uma disposição genética para o desenvolvimento desses tumores, ou seja, herdam dos progenitores genes já alterados. Porém, tal não significa que estes indivíduos desenvolvam necessariamente a doença: apenas a probabilidade é ligeiramente mais elevada.

Prevenção é meio caminho

Muitas pessoas afirmam que nunca vão ao médico porque têm medo que lhes “descubram alguma coisa”… Este tipo de mentalidade constitui um grave erro. Uma das regras principais da prevenção do cancro – e, por sua vez, a melhor forma de diminuir as fatalidades – são os controlos médicos periódicos. Um tumor detetado precocemente tem enormes probabilidades de ser controlado.

A frequência dos check-ups depende da idade da pessoa e do seu historial familiar. No entanto, alguns tipos de cancro mais frequentes têm um padrão especial de rastreio. Assim, por exemplo, para o controlo do cancro do colo do útero, seria prudente que as mulheres efetuassem exames ginecológicos regulares, a partir dos 18 anos de idade. Para a prevenção do cancro da mama, é considerado desejável, de acordo com as recomendações da American Cancer Society, que fizessem, depois dos 40 anos, um exame clínico anual, acompanhado de uma mamografia. Paralelamente, deveriam levar a cabo um controlo pessoal, mais frequente, através da autopalpação mamária em casa.

Quanto ao cancro do cólon, a Organização Mundial de Saúde recomenda o rastreio, tanto a homens como a mulheres, a partir dos 50 anos, se não tiverem antecedentes familiares; caso contrário, será prudente fazê-lo antes.

Independentemente dos rastreios específicos, os especialistas recomendam a realização de check-ups 10 anos antes da idade em que um determinado cancro afetou um familiar direto.

Por outro lado, é imperativo consultar o médico perante qualquer mudança anormal no nosso organismo: o aspeto de um sinal ou cicatriz, tosse sem explicação, transtornos intestinais persistentes ou perda de peso injustificada, para citar apenas alguns exemplos.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)