Ter um filho é um momento mágico na vida. Mas, quando um dos progenitores é fumador ativo, ou mesmo passivo, o tabaco passa a constituir um problema de saúde pública. Especialmente se esse progenitor for a mãe.

 

A mulher que fuma e pretende engravidar está sujeita a debater-se com uma série de obstáculos para conseguir ter o seu tão amado pequenino dentro da barriga. A explicação é simples: o tabaco acrescenta 10 anos à idade reprodutiva da mulher, o que significa que uma fumadora com 30 anos que pretenda engravidar passa pelos mesmos obstáculos que uma de 40 anos que não fume.

O tabaco diminui a ovulação, provoca alterações que contribuem para uma redução da fertilidade da mulher e condiciona, ainda, a probabilidade de sucesso no tratamento da fertilidade. Ou seja, é responsável por um efeito devastador na vida da mulher e do casal.

A situação piora quando a mulher fuma mais de 10 cigarros por dia, fator que diminui substancialmente a recetividade do útero. Estes são os resultados de um estudo que concluiu que mais de metade das mulheres que fumavam pouco conseguiram engravidar e, das que fumavam muito, apenas um terço teve sucesso.

Apoio mútuo

Caracterizada por alterações físicas e psicológicas profundas, a gravidez deve ser encarada como uma oportunidade para adquirir hábitos de vida saudáveis, que vão beneficiar bastante a vida da futura mamã e o seu feto. Deixar de fumar é, sem dúvida, a resolução que assume a mais especial urgência!

É verdade que quem está “de fora”, muitas vezes, não tem consciência da dificuldade sentida por uma grávida ao tentar abandonar o vício, especialmente quando o seu próprio parceiro fuma, sendo este último o principal influenciador no comportamento tabágico da futura mamã.

Estudos apontam para que, de facto, parte das mulheres grávidas abandonam o tabaco durante a gravidez e as que não abandonam acabam por reduzir o número de cigarros diários. No entanto, 25% dos parceiros admitem continuar a fumar junto às mulheres durante todo o processo de gravidez. O cenário ideal é que a grávida esteja, antes e após a gestação, num ambiente completamente seguro e sem fumo. Como tal, antes do casal decidir ter um filho, seria exemplar e motivador tanto a mulher como o seu parceiro deixarem de fumar, apoiando-se assim um no outro.

Pela saúde da grávida…

Ao longo dos anos, vários estudos têm vindo a comprovar que o tabaco está fortemente associado à incidência de abortos espontâneos, parto prematuro e, até mesmo, ao aumento de risco de morte prematura do feto, bem como muitas outras complicações que ocorrem durante o parto das fumadoras, como é o caso de hemorragias e descolamento da placenta.

Menos graves, mas com igual importância, o consumo de tabaco na gravidez também possui alguns efeitos na beleza da mulher, ao aumentar o risco de aparecimento de estrias e dificultando a cicatrização após uma cesariana.

No entanto, devido aos eventos familiares, sociais, profissionais e, até mesmo, ao facto do seu cônjuge fumar, a grande maioria das grávidas volta a fumar após o termo da gestação, pois consideram que deixar o vício foi uma opção temporária. O que demonstra que não avaliam de forma séria as consequências do tabaco para a sua saúde e, mais grave ainda, para a saúde do bebé!

 …e da criança

O consumo de tabaco na gravidez, de forma passiva ou ativa, gera inúmeros problemas de saúde e de desenvolvimento nas crianças. Para além do risco significativamente aumentado e comprovado que a mulher possui de dar à luz um bebé mais frágil e com bastante menos peso e comprimento, existe também um risco quatro vezes maior do pequenino sofrer de doenças, como bronquite e pneumonia, logo nos primeiros anos de vida.

Mas os problemas não acabam aqui. Um estudo concluiu ainda que o tabaco pode provocar malformações nos membros e crânio do feto, bem como pés tortos, lábio leporino ou malformações gastrointestinais.

Ao contrário do que se pensa, os problemas que o tabaco provoca ao nível do desenvolvimento das crianças não são apenas causados pelo fumo passivo a que as crianças estão sujeitas diariamente. Começam, sim, dentro da barriga da grávida. Os filhos de mulheres que fumam na gravidez apresentam um maior risco de sofrer de hiperatividade e de défices de atenção. Aqui, não importa a quantidade de cigarros que se fuma: o risco acresce exatamente pelo facto de a mulher fumar durante a gestação, seja um cigarro ou vinte.

O importante a reter é que, sempre que a mãe fuma, o bebé também fuma! Isto porque, quando as grávidas fumam, todas as substâncias da nicotina passam para o bebé, prejudicando gravemente a saúde. E, mesmo quando estas estão sujeitas apenas ao fumo passivo, todos esses compostos do tabaco ao seu redor conseguem passar através do cordão umbilical, prejudicando a saúde do bebé.