Com a crescente ênfase sobre a saúde e o aumento progressivo da esperança média de vida entre homens e mulheres adultos, tanto a comunidade científica como o público em geral têm vindo a analisar formas de melhorar o bem-estar e prevenir a doença em todas as fases da vida.

Artigo da responsabilidade do Dr. Nelson Tavares

É justo dizer-se que, quanto mais cedo na vida se adotam medidas alimentares e um estilo de vida saudáveis, mais provável é que essas medidas sejam eficazes a longo prazo. A evidência é que, mesmo quando as medidas são iniciadas aos 60 ou 70 anos, podem ocorrer benefícios em várias doenças crónicas.

Existem muitas maneiras através das quais a nutrição pode prevenir as principais doenças crónicas e, assim, promover a saúde e vigor quando iniciada numa idade mais avançada. A alimentação tem também um papel importante na proteção da saúde e no retardar da progressão da doença. São necessários paradigmas que promovam os componentes nutricionais de envelhecimento saudável, para aumentar a idade de início da doença crónica degenerativa e para manter vidas saudáveis, funcionais por tanto tempo quanto possível.

Uma boa alimentação pode contribuir significativamente para a saúde e bem-estar dos indivíduos mais velhos e para a sua capacidade para recuperar de doença. No entanto, não existe um padrão-ouro para o diagnóstico da desnutrição e os instrumentos de rastreio disponíveis clinicamente carecem de sensibilidade e especificidade. Além disso, indicadores nutricionais anormais podem simplesmente refletir efeitos da idade, deficiência funcional ou doença grave subjacente.

As dificuldades na deteção de sinais precoces de subnutrição são semelhantes aos encontrados no reconhecimento precoce de muitas doenças relacionadas com a idade. Porém, no caso de deficiência nutricional, existem duas dificuldades adicionais: para quase todos os nutrientes há um longo período de latência e uma baixa ingestão conduz a evidentes manifestações clínicas, e o diagnóstico precoce depende dos resultados dos testes especiais, incluindo investigações bioquímicas e hematológicas. Em segundo lugar, o verdadeiro significado de resultados anormais destes testes em idosos não são totalmente compreendidos.

A desnutrição afeta cerca de 4% de indivíduos idosos que vivem em comunidade. Esta prevalência é devido a doenças relacionadas com a idade, juntamente com os processos de envelhecimento. Os países em desenvolvimento têm uma substancial prevalência de desnutrição, e é sabido que a deficiência crónica de energia é um fator de risco para a baixa produtividade,  morbilidade e mortalidade em adultos. Além disso, a desnutrição de idosos aumenta a morbilidade e a mortalidade. Portanto, precisa ser diagnosticada e tratada rapidamente para evitar essas consequências negativas.

Os indicadores-chave da desnutrição são a perda de apetite e anorexia, e os adultos mais velhos apresentam menos fome e saciedade mais cedo. A ausência de apetite contribui para a desnutrição observada em idosos, tanto na comunidade quer nos institucionalizados. Uma diminuição da ingestão de alimentos pode ser atribuída com a idade a alterações nas sensações de gosto e olfato, tais como a diminuição da perceção do odor.

Uma prevenção orientada, ao longo do ciclo de vida, pode reduzir o nível de risco de doença cardiovascular em população de risco com estratégias de prevenção primária, como a nutrição adequada e a suplementação.

Artigo publicado na Edição de fevereiro 2016 (nº 258)