A Sanofi e a GSK anunciaram ontem que pretendem enviar os dados dos seus ensaios de fase 3 de eficácia e de reforço, como base para a submissão regulamentar da vacina contra a COVID-19.

A relevância para a saúde pública da vacina Sanofi-GSK de base proteica, adjuvada, estável à temperatura de frigorífico, é fortemente suportada pela indução de respostas imunitárias robustas e por um perfil de segurança favorável em vários ambientes. Nos participantes que receberam a vacinação primária com uma vacina de mRNA ou adenovírus, a vacina de reforço Sanofi-GSK induziu um aumento significativo nos anticorpos neutralizantes entre 18 e 30 vezes, para todas as plataformas de vacinas e faixas etárias. Quando a vacina Sanofi-GSK foi administrada como vacinação primária de duas doses, seguida de uma dose de reforço, os anticorpos neutralizantes aumentaram entre 84 e 153 vezes, em comparação com os níveis pré-reforço (ver figuras 1a e 1b para detalhes).

Thomas Triomphe, Vice-Presidente Executivo, Sanofi Vaccines:

“Estamos muito satisfeitos com estes dados, que confirmam a nossa forte ciência e os benefícios da nossa vacina contra a COVID-19. A vacina Sanofi-GSK demonstra uma capacidade universal para reforçar todas as plataformas de vacinas, em todas as faixas etárias. Também observámos a eficácia robusta da vacina como vacinação primária no atual e desafiante ambiente epidemiológico. Nenhum outro estudo de eficácia global de fase 3 foi realizado durante este período com tantas variantes de preocupação, incluindo a Omicron, e estes dados de eficácia são semelhantes aos dados clínicos recentes das vacinas aprovadas.”

Roger Connor, Presidente da GSK Vaccines

“A evolução da epidemiologia da COVID-19 demonstra a necessidade de uma variedade de vacinas. A nossa vacina candidata, de base proteica, adjuvada, usa uma abordagem bem estabelecida que tem sido amplamente usada para prevenir infeções por outros vírus, incluindo a gripe pandémica. Estamos confiantes que esta vacina pode desempenhar um papel importante à medida que continuamos a enfrentar esta pandemia e a preparar-nos para o período pós-pandemia.”

 Quando usada como vacinação primária de duas doses, a vacina Sanofi-GSK forneceu níveis robustos de anticorpos neutralizantes, com GMT a atingirem as 3711 unidades. Para comparação, um painel sérico obtido de voluntários da mesma faixa etária, que receberam as duas doses de uma vacina de mRNA já aprovada e altamente eficaz, apresentou GMT de 1653 unidades, medido simultaneamente no mesmo laboratório.

Dados do estudo de eficácia VAT08 demonstraram que duas doses da vacina Sanofi-GSK geraram uma eficácia de 57,9% (95% de intervalo de confiança [IC, 26,5; 76,7]) contra COVID-19 sintomática, em população seronegativa.

A vacina Sanofi-GSK forneceu 100% de proteção (0 vs 10 casos pós-1ª dose, 0 vs. 4 casos pós-2ª dose) contra doença grave e hospitalizações, assim como 75% (3 vs 11 casos) de eficácia contra doença moderada ou grave, em populações seronegativas. Embora o sequenciamento esteja ainda em progresso, dados recentes indicam 77% de eficácia contra COVID-19 sintomática associada à variante Delta, de acordo com a eficácia esperada da vacina.

Em ambos os estudos, a vacina Sanofi-GSK foi bem tolerada tanto em adultos jovens como em idosos, sem preocupações de segurança.

As empresas estão em discussão com as autoridades regulamentares, incluindo a FDA dos EUA e a Agência Europeia do Medicamento (EMA), e planeiam submeter a totalidade dos dados gerados com esta vacina candidata, para apoiar as autorizações regulamentares.

Para avaliar a imunogenicidade da vacina Sanofi-GSK como dose de reforço, foram testadas pela Monogram Biosciences [São Francisco, CA] amostras de soros humanos imunes, usando um teste de neutralização de pseudovírus (pVNT), padronizado e aprovado pela FDA, contra o vírus protótipo D614G.

 

Sobre o VAT08 e o VAT02

O estudo de fase 3, VAT08, realizado nos EUA, Ásia, África e América Latina, está a avaliar uma formulação de 10µg do antigénio da vacina à base de proteína recombinante, adjuvada, contra o SARS-COV-2, quanto à eficácia, imunogenicidade e segurança, em comparação com placebo. A primeira etapa do estudo é avaliar a eficácia de uma formulação da vacina que contém a proteína spike contra o vírus D614 original (parental), em mais de 10000 participantes com mais de 18 anos, aleatorizados para receberem duas doses de 10 µg da vacina ou do placebo, no dia 1 e no dia 22.  . Foi recentemente concluído o recrutamento para uma segunda etapa do estudo, para avaliar uma segunda formulação bivalente, incluindo a proteína spike da variante B.1.351 (Beta). O estudo de fase 3 sucede os resultados iniciais positivos do estudo clínico de Fase 2 (VAT00002). Nesse estudo, a vacina candidata contra a COVID-19 foi administrada a 722 adultos, para avaliar a eficácia, reatogenicidade e imunogenicidade de 2 doses, e para identificar a dose ótima para usar como reforço. Os resultados demonstraram taxas de resposta elevadas em termos de anticorpos neutralizantes, com 95% a 100% de seroconversão após uma segunda injeção, em todas as faixas etárias (18 a 95 anos) e em todas as doses.

Os resultados completos dos estudos VAT08 e VAT02 serão publicados ainda este ano.

Estes esforços são apoiados por fundos federais da Autoridade de Investigação e Desenvolvimento Biomédico Avançado, parte do Office of the Assistant Secretary for Preparedness and Response of Department of Health and Human Services dos EUA, em colaboração com o Department of Defense Joint Program Executive Office for Chemical, Biological, Radiological and Nuclear Defense dos EUA ao abrigo do contrato W15QKN-16-9-1002 e pelo Instituto Nacional de Alergias e doenças Infeciosas (NIAID). O NIAID  fornece financiamento para o Centro de Operações e Liderança (UM1 AI 6861HVTN) da rede de ensaios de vacinas contra o HIV (HVTN), o Centro de Gestão de Estatística e Dados (UM1 AI 68635), o Centro de laboratórios HVTN (UM1 AI 68618), o Centro de Operações e Liderança da Rede de estudos para a Prevenção do HIV (UM AI 68619), O Centro de Operações e Liderança para o grupo de estudos clínicos AIDS (UM1 AI 68636) e o Consórcio de Investigação Clínica para as doenças Infeciosas (UM1 AI 148684, UM1 AI 148450, UM1 AI 148372, UM1 AI 148574)