Grandes intenções, espírito de boa vontade, muitos presentes e longas refeições em família. As reuniões natalícias deveriam ser momentos de tranquila convivência, sem tensões nem conflitos. Mas, por vezes, não é bem assim…

 

As celebrações natalícias podem ser agitadas, tranquilas, tristes, emotivas ou melancólicas. Nesta quadra, é fácil cair na nostalgia e na tristeza. Por outro lado, cada membro de uma mesma família tem uma forma diferente e muito própria de viver as Festas, algo que é necessário saber respeitar.

Em qualquer dos casos, é sempre preferível desfrutar da companhia dos nossos entes queridos – ainda que outros já estejam ausentes – e com eles partilhar momentos de agradável e descontraída comunhão familiar.

Ajuste as expetativas

No decorrer dos encontros natalícios, é fácil ocorrerem situações dececionantes ou que nos façam sentir ridículos ou que consideremos impróprias por parte de quem as protagonizou. Para evitar tais sentimentos, o melhor é reduzir as expetativas relativamente à reunião familiar e tentar adaptar-se ao ambiente.

Neste sentido, pode ajudar-nos a atitude de relativizar aquilo que nos aborrece e, assim, contribuir para que a celebração seja mais descontraída. Por exemplo, é um facto que os jovens valorizam mais o tempo que partilham com o seu grupo de amizades, em contraste com as pessoas mais velhas, para quem a convivência familiar adquire maior importância. Por isso, não é realista esperar que os jovens permaneçam até ao final das celebrações. Uma boa forma de enfrentar esta realidade e evitar a deceção é falar sobre o assunto antecipadamente e negociar as horas de saída, bem como os compromissos familiares em que os filhos participação e aqueles para os quais estarão “isentos”.

Temas delicados

Nas Festas Natalícias, podem chegar a juntar-se à mesma mesa três ou quatro gerações de uma família. Cada uma com as suas vivências e diferentes experiências. Geralmente, essas diferenças tendem a ser postas em evidência durante as conversas. Se tal acontecer, em vez de confrontar opiniões, o melhor é aproveitar para tentar entender a contribuição de cada membro da família.

Porém, à medida que a reunião avança, é provável que surjam temas polémicos, que gerem opiniões opostas e se crie uma discussão mais acalorada. Se o tema discutir for pessoal, o clima pode adensar-se. O melhor, nestes casos, é tentar reconduzir a situação e adiar a conversação para outro dia mais adequado.

Ainda assim, para prevenir conflitos, é preferível deixar os temas potencialmente polémicos para outras ocasiões, evitando uma discussão familiar em plena reunião natalícia.

Problemas na família

O Natal é uma época de amor, alegria e re-encontros felizes. No entanto, parece que, de repente, todos somos obrigados a estar contentes. E nada podia situar-se mais longe da realidade, uma vez que esta quadra nem sempre nos apanha num bom momento pessoal ou familiar.

Quando se perdeu um ente querido, quando um familiar está longe, quando se produziram conflitos, quando ocorreu um divórcio, quando alguém de quem gostamos está doente ou hospitalizado… Existem inúmeras situações que nos podem fazer perder a vontade de olhar com alegria para as luzes de Natal.

Não obstante as situações pessoais de cada um, o melhor é enfrentar as Festividades com tranquilidade. O importante é ser capaz de reconhecer aquilo que se sente: ninguém deve ser obrigado a sentir-se feliz só porque o Natal chegou.

Em cada ano, a situação será diferente e, se não se sente com forças para aturar celebrações, permita-se um descanso e aguarde por tempos melhores.

Apoio familiar

As pessoas idosas, porque acumularam mais experiências dolorosas, tendem a viver esta quadra com especial tristeza ou melancolia. Recordam tempos de felicidade e pessoas amadas que já partiram…

Nesta perspetiva, o apoio da família pode ser de grande ajuda. Deixe que os avós partilhem as suas memórias, mas procure que se centrem, também, nas coisas boas do presente, ajudando a que a nostalgia se dissipe por uns momentos.

 

DESTAQUE

Com os teus pais ou com os meus?

A família por afinidade também é uma fonte de amor e carinho, mas pode, não raramente, gerar conflitos no casal, se não se mantiver uma atitude aberta e positiva.

Tenha em conta os seguintes aspetos:

  • Com quem passar as Festas? O ideal é chegar a um acordo e repartir as datas, segundo as preferências de cada um. Em caso de coincidirem, o melhor é alternar de ano para ano.
  • Ainda que não se dê muito bem com a família do seu cônjuge, tente apreciar aquilo que de bom, certamente, ela tem para oferecer. Coloque as suas prioridades em segundo plano e procure que o(a) seu(sua) parceiro(a) fique feliz.
  • Aceite e respeite os costumes da família por afinidade, sem os ridicularizar ou menosprezar, procurando desfrutar dessa maneira de viver as Festividades.
  • Por vezes, uma celebração mais íntima em casa ou efetuar uma viagem pode ser a solução perfeita para fugir à mesma rotina de todos os anos.
  • É importante falar em família, escutar o outro e poder expressar os desejos de cada um acerca de como passar as Festas Natalícias.

Artigo publicado na edição de dezembro 2019 (nº 300)