Quando não é possível evitar o enfarte do miocárdio, há que pensar em recuperar o doente para uma vida o mais normal possível. Vejamos as dúvidas mais comuns entre os pacientes e as respostas da medicina.

 

Reabilitação cardíaca é definida, pelos médicos, como o conjunto das intervenções necessárias para fornecer ao doente cardíaco uma condição física, psicológica e social tão elevadas quanto possível, de forma a que os doentes com patologia crónica ou pós-aguda possam, pelos seus próprios meios, preservar ou retomar o seu lugar na sociedade.

Deste modo, os programas de recuperação cardíaca após enfarte do miocárdio desenrolam-se em quatro fases, com duas componentes fundamentais: o exercício físico e o ensino, este dirigido ao conhecimento da doença aterosclerótica e dos fatores de risco.

A quem se destina?

A reabilitação cardíaca destina-se a todos os doentes após enfarte, qualquer que seja o tempo decorrido desde o acidente cardíaco, com a exceção dos que têm arritmias graves e dos que sentem angina de peito, cansaço ou falta de ar desencadeados por pequenos esforços. Também está indicada para os doentes coronários que nunca tiveram enfarte, após angioplastia (dilatação) ou cirurgia coronária (vulgo “by-pass”).

Antes do início do programa, é necessário para o doente obter o consentimento do seu médico assistente.

Quando começar?

Os médicos são categóricos: está sempre a tempo de iniciar um programa de reabilitação cardíaca, qualquer que seja o intervalo de tempo decorrido desde o enfarte.

O que se aprende?

O doente vai adquirir conhecimentos sucintos, que lhe permitem entender os fundamentos dos cuidados médicos de que está a ser alvo e para os quais é indispensável a sua colaboração. Ficará com noções básicas de Anatomia e Fisiologia do coração, aterosclerose e doença coronária, diferentes formas clínicas da doença coronária, fatores de risco, tratamentos disponíveis, dieta, estilo de vida, personalidade do doente coronário, vantagens do relaxamento e do exercício físico regular e necessidade de adotar um estilo de vida saudável, conhecendo e respeitando as suas limitações.

É de toda a conveniência que os familiares mais próximos do doente também tenham esta informação, de forma a apoiá-lo na sua recuperação.

Onde se dirigir?

Nas cidades de Lisboa e do Porto, já existem alguns centros de Reabilitação Cardíaca, conhecidos dos cardiologistas e dos médicos de família. Deve ser o seu médico assistente a informá-lo sobre o centro a que deve recorrer.

Os esquemas que implicam um horário fixo, monitor das sessões, integração num grupo e o pagamento de uma quantia razoável são os que melhor promovem a assiduidade.

Que tipo de exercício físico se deve realizar?

O tipo de exercício mais adequado para cada caso deve ser selecionado em função do tempo decorrido desde o enfarte, da presença de outras doenças associadas, dos gostos pessoais e das possibilidades de espaço e dos materiais do ginásio ou do local de treino.

Nos convalescentes de enfarte do miocárdio, em particular nos doentes com baixa tolerância ao esforço, deve começar-se pela marcha, por ser de baixo impacte e poder ser efetuada a várias intensidades.

Recomenda-se, também, a corrida, o ciclismo, a natação, o remo e a dança aeróbica, em detrimento de exercícios que exigem esforços curtos e de grande intensidade, como a corrida de velocidade, os exercícios com pesos, o ténis (singulares) e o futebol, tudo desportos que condicionam uma sobrecarga importante para o aparelho cardiovascular.

Os exercícios devem ser levados a cabo 3 a 5 vezes por semana.

Leia o artigo completo na edição de março 2016 (nº 259)