Uma penugem facial demasiado abundante é fonte segura de complexos para a mulher. Felizmente, existem soluções.

Em teoria, as mulheres não deveriam apresentar pelos escuros no rosto, porque essa é uma característica que identificamos como própria do sexo masculino. Contudo, não é nada raro que, ao olharmo-nos ao espelho, detetemos alguns inestéticos pelos pretos em determinadas zonas do rosto.

O aparecimento no corpo feminino de uma penugem demasiado comprida, abundante, escura ou, ainda, em locais mais próprios dos homens, designa-se por hirsutismo. Esta situação pode ocorrer no lábio superior, no queixo, no peito, na zona alta das costas, na região sacra e nos glúteos, na zona abdominal que vai do umbigo ao púbis, nas coxas e nos braços.

Para que os pelos apareçam em zonas como o queixo ou o peito de uma mulher, o que acontece a nível orgânico é o aumento dos androgénios, como a testosterona. Estas hormonas são conhecidas como “masculinas”, uma vez que são as segregadas pelos órgãos sexuais do homem, mas também são produzidas nas glândulas suprarrenais e nos ovários.

Os especialistas excluíram da lista do hirsutismo os pelos das pernas e dos antebraços, dado que essas zonas podem desenvolver tanto ou mais pilosidade que nos homens. Além disso, o seu crescimento é independente das hormonas androgénicas.

DIFERENTES TIPOS DE HIRSUTISMO

Dependendo da causa que provoca o incremento dos androgénios, podemos distinguir diferentes tipos de hirsutismo. Por um lado, encontramos um tipo que resulta da ingestão de fármacos anabolizantes ou diretamente androgénicos. Um outro tipo, o mais comum, é o chamado hirsutismo genético, pois é o único que se produz sem que haja a ingestão de medicamentos ou qualquer doença associada: deve-se, simplesmente, a questões genéticas. Os restantes tipos têm uma causa orgânica: desde a inevitável menopausa, até perturbações muito mais graves e, felizmente, pouco comuns, como a falha no funcionamento do fígado, que causa o chamado hirsutismo hepático.

Incómodo e vergonha

As características próprias da mulher mediterrânica propiciam o aparecimento de penugem facial e noutras zonas, como à volta do umbigo. Contrariamente ao que poderíamos pensar, a mulher portuguesa não tem mais pelos do que as outras europeias.

De acordo com diferentes inquéritos, entre 10 e 40% das mulheres europeias retiram os pelos do rosto, pelo menos, uma vez por mês. A maioria das mulheres inglesas reconhece que sofre de hirsutismo facial, considerando esse facto como uma dificuldade para as relações sociais.

Nas redes sociais, é fácil encontrar testemunhos de pessoas – sobretudo, adolescentes – que apontam a farta penugem facial como a culpada de todos os problemas.

A maioria das mulheres acredita que o excesso de pelos constitui um sério obstáculo para o estabelecimento de uma amizade ou até de uma relação. Essas mulheres vivem o problema como um impedimento para as relações íntimas, devido à vergonha e ao incómodo que lhes provoca.

Identificar as causas

Quando uma mulher recorre ao médico para se queixar deste problema, a primeira coisa a fazer é proceder a um exame exaustivo, para identificar a verdadeira causa que está por detrás do hirsutismo.

É necessário realizar um estudo aprofundado, para averiguar se o hirsutismo é devido a uma perturbação hormonal ou não e se a sua origem é suprarrenal ou ovárica. Segundo os especialistas, no caso de estarmos perante um hirsutismo de origem suprarrenal, o tratamento estabelecido deve ser seguido durante toda a vida, dado que, no momento em que se suspender, o problema regressará com a mesma violência.

Se esta perturbação for provocada por algum tumor desenvolvido nos ovários ou nas glândulas suprarrenais, a única solução reside em eliminar o dito tumor, através de uma intervenção cirúrgica.

Quando a única causa detetável é a elevação dos níveis de testosterona, dispõe-se de produtos conhecidos como antiandrogénicos, os quais conseguem fazer cair o pelo já saído e evitam que continue a sair mais nas zonas corporais que são diferentes no homem e na mulher, do ponto de vista de pilosidade. Este tipo de tratamento costuma pôr fim ao problema do hirsutismo, na maioria dos casos. Tratam-se, no entanto, de terapias de duração muito longa, que não podem ser suspensas até indicação em contrário, por parte do médico. A única precaução a ter em conta são os efeitos secundários que podem surgir, designadamente certas alterações hepáticas.

MÉTODOS FÍSICOS

Além dos tratamentos farmacológicos ou cirúrgicos, também é possível recorrer a métodos físicos, como a depilação definitiva, sobretudo nos casos de hirsutismo de carácter genético. De facto, esta é a solução da maioria dos casos, já que o problema é apenas estético. Executada com perícia, esta operação é realmente eficaz, para libertar a mulher do excesso de pelo em determinadas zonas do corpo.

O método de luz pulsada é uma das técnicas mais eficazes, económicas e indolores, de entre todas as disponíveis, para a eliminação total do pelo. Trata-se de um dos métodos de fotodepilação que utiliza uma luz de largo espectro, isto é, com vários comprimentos de onda. O método utiliza a luz e o calor, mas, pelo facto do pelo ser aquecido em diferentes partes, atingindo todo o seu comprimento, requer uma energia mais baixa, o que contribui para uma maior segurança. O resultado final pretendido é a destruição do folículo piloso.

A fotodepilação constitui uma depilação de longa duração, em que, após uma sequência de sessões, variável consoante o tipo de pelo e pele, não crescerá pelo durante 1 ano ou mais. Após este período, poderá ser necessário fazer uma sessão de manutenção por ano.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2023 (nº 335)