É um dos medos mais frequentes entre as mulheres: palpar um peito e detetar um “caroço” suspeito. Este acontecimento pode desencadear uma enorme ansiedade, mas os ginecologistas asseguram que não há razão para pânico, porque o mais provável é que tal caroço não seja maligno.

 

A primeira atitude a tomar quando se deteta um nódulo no peito é consultar imediatamente o ginecologista, o qual efetuará a adequada exploração externa, confirmará a existência do nódulo e solicitará exames complementares para determinar o caráter dessa patologia. No entanto, é importante saber que, em cada 10 consultas sobre patologia mamária, 9 correspondem a processos benignos.

O diagnóstico precoce é a única forma de prevenção dos tumores mamários, dado que é difícil atuar diretamente sobre os fatores de risco da doença. No entanto, não é possível efetuar uma correta prevenção se a mulher palpar o peito apenas ocasionalmente. A única forma de detetar precocemente um tumor é consciencializando a mulher da importância da autopalpação, bem como das revisões clínicas periódicas, junto do ginecologista.

Fatores de risco

Para efetuar um diagnóstico em patologia mamária, começa-se por estudar os fatores de risco. Os mais importantes são:

  • idade superior a 40 anos;
  • antecedentes de cancro na outra mama;
  • predisposição genética; e
  • desequilíbrio no balanço hormonal – menarca precoce, esterilidade, tratamentos hormonais, primeira gravidez depois dos 30, lactações curtas, etc.

Em seguida, realiza-se a exploração física, que começa com uma inspeção visual, para observar a superfície do peito, verificando se existem diferenças de tamanho entre as mamas, alterações de posição ao subir e baixar os braços, etc. Depois, o ginecologista deve palpar os seios e as zonas ganglionares e controlar, igualmente, se há alguma secreção nos mamilos, pressionando-os ligeiramente.

O médico decide, então, se são necessários outros exames. Os mais correntes são:

  • MamografiaUm estudo radiológico no qual se pode apreciar se existe alguma zona muito fibrosa ou algo que desperte preocupação;
  • EcografiaMuito mais específica, porque pode dirigir-se a uma zona concreta, na qual se observou algo de anormal; e
  • BiopsiaConsiste na extração de células do nódulo, para análise citológica.

Lesões mais comuns

A patologia mamária benigna representa um importante capítulo na prevenção do cancro da mama. O estudo das lesões benignas, o seu seguimento e o diagnóstico diferencial entre estas e as lesões malignas é o primeiro passo para o diagnóstico precoce do cancro.

Entre as lesões benignas, podem citar-se as infeções, os traumatismos, os tumores, os quistos e a mastopatia fibroquística, embora esta se encontre, frequentemente, dentro da fisiologia da estrutura.

A mastopatia fibroquística é a patologia mamária mais frequente e engloba múltiplas situações, como a mastopatia fibrosa, quística, adenosa, escleroadenosa, epiteliose e hiperplasia ductal atípica – estas últimas são verdadeiras lesões de risco pré-maligno e o seu tratamento e acompanhamento apoia o diagnóstico precoce e a prevenção do cancro.

O aparecimento de algumas lesões, como a epiteliose e a hiperplasia ductal atípica, indica uma certa tendência para o cancro da mama, a qual obriga a realizar, pelo menos, um estudo de base, aos 35 anos, para catalogar a estrutura mamária e avaliar o seu risco. A mastopatia de risco e os antecedentes familiares de cancro da mama obrigam a estudar a estrutura glandular mamária e proporcionam, nalguns casos, a descoberta de lesões malignas muito precoces, com elevadas possibilidades de cura.

Leia o artigo completo na edição de outubro 2019 (nº 298)