A propósito do Dia Internacional do Surfista – 18 de junho – , especialistas alertam para um problema que afeta cada vez mais pessoas em Portugal

Se é praticante de surf, sabe que tem de usar a prancha para o fazer. Mas o que talvez não saiba é que pode vir a sofrer de “ouvido do surfista”, um problema que tem vindo a afetar cada vez mais pessoas, à medida que aumentam também os adeptos dos desportos aquáticos.

O Dr. Fernando Vilhena de Mendonça, otorrinolaringologista na Joaquim Chaves Saúde, confirma este aumento de incidência. “Calcula-se que existam cerca de 200.000 praticantes de surf em Portugal. Se utilizarmos os rácios estudados sobre a existência de ‘ouvido do surfista’ em praticantes de outros países, podemos concluir que, no final dos primeiros 10 anos de prática de surf, apenas perto de 50% dos praticantes mantêm os ouvidos sem sinais de lesões”, uma percentagem que, segundo o especialista, diminui com o passar do tempo. “Entre os 10 e os 20 anos de prática, esta percentagem desce para cerca de 24% e nos praticantes com mais de 20 anos de prática, apenas 10% apresentam ouvidos externos sem lesões significativas”, acrescenta.

O especialista refere ainda que, “enquanto as exostoses (protuberâncias ósseas) não atingirem uma dimensão significativa, não provocam sintomas, podendo apenas ser diagnosticado numa consulta regular de otorrinolaringologia”. Com o crescimento e a obstrução, que causam no canal, a retenção de água e a oclusão com cerúmen e escamas de pele, podem originar “dor, edema e a exteriorização de pus no ouvido, que requerem tratamento especializado por um otorrinolaringologista”. Situação que pode agravar-se ainda mais, pois “numa fase mais avançada, a perda auditiva instala-se em permanência, assim como é frequente a ocorrência de sensação de zumbido (acufeno). Esta perda auditiva é reversível através da remoção das exostoses.”

No entanto, esta patologia pode ser prevenida, através do uso de tampões, que impeçam a entrada de água fria nos ouvidos, cuja utilidade se mantém quando já existem exostoses, para contrariar o seu crescimento. Além disso, também existe tratamento, que só é realizado, numa fase mais avançada, que segundo o médico só “no caso de haver indicação cirúrgica para a remoção das exostoses”, conseguindo devolver ao atleta novamente o gosto de praticar surf, mergulho ou outros desportos náuticos.

Para todos os atletas que praticam regularmente surf,  mergulho ou outros desportos náuticos, o especialista aconselha que todos “deveriam fazer, pelo menos uma vez por ano, uma consulta de otorrinolaringologia para avaliação da sua condição, limpeza do canal auditivo e prevenção das infeções.”