A Nutrição Funcional com práticas ortomoleculares procura corrigir carências ou excessos de nutrientes e toxinas no organismo, com o objetivo de neutralizar o excesso de radicais livres, através do equilíbrio celular.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Amélia Duarte, Nutricionista

 

A nutrição funcional atua na individualidade bioquímica: cada pessoa é reflexo de uma genética única e da interação ambiente, estilo de vida e comportamentos. A nutrição funcional tem como objetivo dar a cada organismo os nutrientes necessários e as substâncias bioativas específicas para enfrentar as agressões da vida moderna, que contraditoriamente tem proporcionado mais longevidade, mas também muitas doenças, se nenhuma proteção for feita.

O nutricionista funcional vê nos alimentos muito mais do que calorias. Afinal, não comemos números e sim nutrientes, que na nutrição funcional são fundamentais para garantir saúde e longevidade. Comida é fonte de energia para o corpo, mas também fonte de manutenção e tratamento para uma saúde perfeita.

Na nutrição funcional relacionamos o estilo de vida, o stress, as carências, as inflamações, as intoxicações e olhamos os pacientes de forma global. Antes de olhar a doença, olhamos o paciente.

CORRIGIR AS CARÊNCIAS E AS TOXICIDADES

O intestino é um órgão onde vive a maior quantidade de bactérias do corpo humano; a microbiota intestinal é composta de muitas bactérias. Dessas, 90% são de grande utilidade, mas 10% são nocivas. Logo, com as paredes do intestino mais permeáveis, além dos nutrientes, poderão passar para corrente sanguínea toxinas dessas bactérias nocivas, que certamente vão provocar graves problemas de saúde, desde depressão a obesidade, passando por doenças imunitárias ou mesmo cancro.

A nutrição funcional observa toda a funcionalidade do nosso organismo e, através dos nutrientes, procura corrigir as carências e as toxicidades. Vejamos exemplos de algumas ações.

Hoje em dia, a maior parte das pessoas tem a microbiota intestinal desequilibrada, ou seja, disbiose intestinal. É de extrema importância que, antes de mais nada, isso seja corrigido para que realmente a absorção de nutrientes seja eficiente. Logo, é preciso desparasitar o intestino e repor bactérias benéficas através da ingestão de probióticos.

Pessoas que comem muita carne vermelha e não ingerem alimentos ricos em vitaminas do complexo B podem ter homocisteina alta, porque a metionina presente na carne vermelha, para ser convertida em cisteina, precisa da vitamina B6, B9 e B12. Ora, se a pessoa tem colesterol LDL alto e homocisteina alta, o LDL vai ficar oxidado, formando placas de ateroma e consequentemente obstrução das artérias, gerando enfarte ou AVC.

Os homens devem comer mais alimentos ricos em licopeno, substância bioativa encontrada em alguns alimentos, como o tomate, a goiaba e a melancia, entre outros, e que previne cancro de próstata.

As mulheres devem comer mais vegetais crucíferos (brócolos, couve-de-bruxelas, repolho, couve-flor), porque são ricos em Indol 3 Carbinol, substância bioativa que previne o cancro de mama.

VISÃO ORTOMOLECULAR

A visão ortomolecular – como o nome já diz “orto” = certo, logo, moléculas certas – é um conceito que foi criado por Linus Paulin, na década de 60 do século XX. Objetiva prevenir e tratar doenças, utilizando substâncias naturais ao organismo, como vitaminas e minerais. A ligação com a nutrição funcional é, justamente, porque é através da nutrição que alcançamos o equilíbrio de micronutrientes para promover proteção contra as agressões do mundo atual e prevenir doenças.

Atualmente, o nosso corpo está exposto a inúmeras agressões. Precisamos ter armas para enfrentar esses agentes nocivos e proteger a nossa saúde, evitando doenças e assim ter uma vida longa e sadia.

EQUILIBRAR OS MINERAIS ESSENCIAIS

O nosso corpo é formado de células, que são formadas de moléculas, que são formadas por átomos. Cada átomo possui no seu centro protões e neutrões e vários eletrões nas suas órbitas periféricas. O radical livre forma-se sempre que um eletrão é perdido, ficando assim uma molécula reativa que, à procura de se estabilizar, rouba eletrões de outras moléculas e as transforma em radicais livres. No entanto, ainda que readquira um eletrão roubado de outra molécula estável, não readquire a sua forma e funções originais – continua danificado. Então, forma-se uma reação em cadeia de produção de radicais livres, a qual, se não for controlada, passa a ser um “detonador” de doenças.

Através de uma consulta, o nutricionista faz uma anamnese detalhada, pede alguns exames e, quando possível, um mineralograma do cabelo, onde pode detetar excessos de metais pesados e carências de minerais essenciais e assim retirar os metais pesados, equilibrar os minerais essenciais e promover saúde.

IMPORTÂNCIA DO MINERALOGRAMA

O cabelo é um tecido de depósito e de excreção de elementos minerais, tanto dos essenciais como dos tóxicos. O cabelo cresce cerca de 1 centímetro em cada mês, de forma que cada novo centímetro de cabelo será o reflexo do nível de minerais do último mês. Tanto o desequilíbrio nos níveis de elementos minerais essenciais, os quais tem um importante papel nas reações químicas das nossas células, como níveis elevados e tóxicos de metais tóxicos são causa de alterações de saúde.

Uma simples análise do cabelo pode identificar a causa de um grande número de doenças frequentes. O mineralograma é especialmente útil a nível preventivo, porque as alterações dos níveis de elementos minerais no cabelo podem aparecer antes dos sintomas.

Leia o artigo completo na edição de outubro 2019 (nº 298)