A meningite permanece, ainda hoje, uma doença cujas consequências podem ser devastadoras, independentemente dos avanços globais ao nível da saúde. E para percebermos porque assim é, torna-se importante conhecermos um pouco melhor esta situação e como nos podemos proteger, quando tal é possível.

Artigo da responsabilidade da Dra. Alexandra Luz. Pediatra

 

 

O QUE É A MENINGITE?

Meningite é o termo médico usado quando falamos de uma inflamação das meninges, que são o tecido envolvente do nosso sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).

QUAIS AS CAUSAS?

Apesar de haver outras causas, as meningites são principalmente o resultado de uma infeção, geralmente de origem viral ou bacteriana.

As meningites virais são mais frequentes do que as bacterianas, em países desenvolvidos, e têm geralmente uma evolução menos grave do que as bacterianas. Poucos vírus têm tratamento específico, sendo que, na maioria dos casos, as crianças recuperam bem, sem sequelas, com tratamento de suporte.

O caso é bem diferente quando falamos das meningites bacterianas. Apesar de haver igualmente um grande número de bactérias que causam esta doença, a sua maior ou menor probabilidade depende de vários fatores, como sejam a idade da criança ou a história vacinal. Podemos, contudo, dizer que as bactérias mais frequentes entre nós são o Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e a Neisseria meningitidis (meningococo).

Ao contrário do que acontece na meningite viral, instituir um tratamento específico (que passa pela antibioterapia), o mais rapidamente possível, é fundamental, de forma a minimizar as complicações e evitar a morte. E, ainda assim, com o tratamento adequado e atempado, algumas crianças vão infelizmente morrer e outras recuperar com sequelas.

QUAIS OS SINTOMAS E MANIFESTAÇÕES?

Os sintomas mais habituais numa meningite variam com a idade da criança e, muitas vezes, pelas manifestações não é possível diferenciar uma meningite viral de uma bacteriana.

Assim, bebés e crianças muito pequenas podem ter febre, irritabilidade ou, pelo contrário, prostração, rigidez cervical (os chamados sinais meníngeos) ou uma fontanela abaulada.

Crianças mais velhas e adolescentes podem ter febre acompanhada de dor de cabeça, vómitos e sinais meníngeos. Em algumas situações, podem acontecer convulsões e a criança pode apresentar um comportamento diferente do habitual ou estar confusa.

Alguns tipos de meningite bacteriana também causam alterações na pele, como o aparecimento de petéquias ou púrpura, que são manchas muito particulares que não branqueiam com a digitopressão.

E se, em algumas crianças, adolescentes e adultos, os sintomas surgem gradualmente, noutros podem ter um curso fulminante em poucas horas.

COMO SE CHEGA AO DIAGNÓSTICO DE MENINGITE?

Após ser colocada esta hipótese de diagnóstico, é importante que se consiga identificar o agente causador, pois o tratamento pode ser diferente, como já vimos.

Habitualmente, é colhido sangue e, sempre que o estado do doente o permite, líquido cefalorraquidiano (LCR), através de um procedimento chamado punção lombar, em que se pica a zona no final da coluna. Quer o sangue, quer o LCR, são sujeitos a uma série de exames para tentar determinar o agente e, possivelmente até, no caso de bactérias, conseguir orientar o tratamento com antibiótico.

QUAL O TRATAMENTO?

Dependerá de ser uma bactéria ou um vírus o agente causal. Por vezes, numa fase inicial, não se distinguem, pois os sintomas podem ser idênticos. E, como sabemos que, no caso das meningites bacterianas, iniciar o antibiótico o mais cedo possível pode significar a diferença entre a vida e a morte, na dúvida, administra-se antibiótico a todos.

Depois, consoante o resultado dos exames, ajusta-se o tratamento. Mas trata-se daquele tipo de situação em que se usa o canhão mais forte para começar e só depois da batalha controlada é que se trocam, se necessário, as armas.

Leia o artigo completo na edição de maio  2023 (nº 338)