A propósito do Dia Europeu do Melanoma, que se assinala no dia 11 de maio, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) deixa o alerta à população portuguesa para o facto de este cancro não ser exclusivo da pele, podendo aparecer em diversas estruturas do olho. Este tumor maligno tem origem no crescimento errático das células que contêm melanina (os melanócitos), pigmento que dá cor à pele e que estão presentes em diversas estruturas internas do olho como a íris e a coroideia.

Estima-se que em Portugal surjam anualmente, cerca de 700 novos casos de melanoma maligno. Apesar de raro nas estruturas oculares quando comparado com o melanoma cutâneo (da pele), o melanoma da coroideia é o tumor maligno intraocular primário mais frequente em adultos a partir dos 60 anos, estimando-se uma incidência anual de 40 a 100 novos casos por ano no nosso País. Sendo esta camada interna do olho não observável a olho nu e não existindo na grande maioria dos casos sinais ou sintomas precoces da doença, a SPO aproveita a ocasião para reforçar a importância da prevenção através de consultas regulares com o seu médico oftalmologista para a deteção precoce destes tumores, o que aumenta a probabilidade de sobrevida e da preservação do olho e da visão.

Ana Magriço, médica oftalmologista e secretária-geral da SPO, realça: “estima-se que a taxa de mortalidade do melanoma da coroideia aos 10 anos seja de 50%, mas na presença de doença metastática, ou seja, quando o tumor já invadiu outros órgãos e sistemas distantes do tumor inicial, este costuma ser fatal, em média, após 6 a 12 meses. O diagnóstico atempado deste tipo de tumor é essencial”.

No que diz respeito ao melanoma dos tecidos que envolvem o olho – a pálpebra e conjuntiva –  este tem fatores de risco semelhantes ao melanoma cutâneo, por isso a sua incidência aumenta com a idade, exposição a raios ultra violeta (UV) natural ou artificial (através de solários), histórico familiar ou em doentes imunodeprimidos.

Nos melanomas da região periocular, o esquema ABCDE pode ser benéfico para identificar o melanoma e procurar aconselhamento médico de acordo com as seguintes características:

A – Assimetria da lesão;

B – Bordos irregulares;

C – Cores diferentes;

D – Diâmetro aumentado;

E – Evolução (aumenta de tamanho com o passar do tempo).

O tratamento do melanoma é individualizado e tem em consideração as características da lesão, nomeadamente o seu tamanho, a sua localização e o potencial de visão. Os objetivos são erradicar a doença, salvar a vida do doente, preservar a maior visão possível e diminuir as consequências e os efeitos secundários dos tratamentos.

“Como já foi referido, o diagnóstico dos melanomas intraoculares e perioculares nem sempre é fácil pela dificuldade da deteção de sintomas em fases iniciais, e por esse motivo, a melhor arma que os portugueses têm para conseguir prevenir este e outro tipo de doenças oculares é a deteção precoce, através de consultas regulares com o seu médico oftalmologista”, conclui Guilherme Castela, médico oftalmologista e coordenador do Grupo Português de Órbita e Oculoplástica da SPO.

Para mais informações sobre saúde ocular, consulte: https://spoftalmologia.pt/