Muito se tem escrito acerca do leite humano, da sua composição e dos seus efeitos benéficos quer para os bebés quer para as mamãs. No entanto, cada vez que vamos aprofundando o conhecimento sobre este extraordinário alimento, mais ele continua a surpreender-nos!

Artigo da responsabilidade da Dra. Helena Canário, Nutricionista, Medical Scientific Relations Manager – Infant Nutrition / Nestlé Portugal

 

Considerado um alimento vivo e o melhor alimento para o lactente nos primeiros meses de vida, o leite materno apresenta comprovados benefícios para o bebé e para a mãe. Por isso, não admira que várias organizações e sociedades científicas o recomendem, idealmente em exclusivo, durante os primeiros 6 meses de vida do lactente.

ALIMENTO DINÂMICO

O leite humano é um alimento dinâmico, adaptando-se às necessidades do lactente, o que significa que a sua composição varia ao longo do dia, entre as várias mamadas, durante a mamada, de mãe para mãe de acordo com fatores ambientais e maternos, inclusive de acordo com o sexo da criança. As mães de meninos produzem 25% mais de energia do que as mães das meninas. Não é curioso e surpreendente?

Mas para além destas enormes vantagens, os bebés podem, graças aos aleitamento materno, beneficiar de um maior contacto físico com a progenitora e estabelecer uma ligação emocional mais forte e tão precoce quanto possível. Isto ajudará ao seu melhor desenvolvimento psicomotor e social.

ULTRAPASSAR AS DIFICULDADES

Para qualquer mãe, ter oportunidade de amamentar é um prazer único na criação de um vínculo amoroso com o seu bebé, além de que favorece a involução uterina, evita hemorragias pós-parto e consequentemente anemia, bem como a perda de peso após o parto, o que ajudará a recuperar a forma inicial.

Provavelmente, numa fase inicial, os níveis de grande ansiedade e stress da mãe poderão dificultar todo o processo, mas mantendo a persistência e procurando ajuda de um profissional de saúde que possa esclarecer e tirar todas as dúvidas, verá que tudo se resolve.

Na verdade, todos poderão ter um papel importante neste processo: os papás, as avós, as tias, as amigas, o profissional de saúde, os colegas de emprego (embora numa fase mais tardia e quando do regresso ao trabalho), todas estas pessoas podem ajudar verdadeiramente na amamentação. A mamã sentir-se-á mais calma e tranquila e isso favorecerá a produção do leite.

COMPOSTOS BIOATIVOS ESPECÍFICOS

Uma das investigações mais recentes – e também das mais surpreendentes – prende-se com os compostos bioativos específicos presentes no leite humano, que se designam por HMO – oligossacáridos do leite humano. O que são estes oligossacáridos do leite humano? De que estamos a falar?

A quantidade e a variedade de oligossacáridos do leite humano são únicas e não podem ser encontradas no leite de vaca ou no leite de outros mamíferos.

A sua descoberta no início do século 20 foi impulsionada pelo aumento da mortalidade de lactentes não amamentados, 7 vezes superior, num momento de grande mortalidade infantil global de 20 a 30 por cento.

Mesmo naquela época, os cientistas reconheceram que estes compostos do leite humano contribuíam para a proteção da saúde dos bebés amamentados. Certamente, saberemos mais no futuro sobre estes importantes componentes do leite humano.

OTIMIZAÇÃO DA PROTEÍNA

Em jeito de conclusão, reforçaria a ideia de que o leite humano é uma fonte abrangente de nutrição para os recém-nascidos. A composição do leite humano é dinâmica e evolui com o tempo, adaptando-se às necessidades nutricionais dos lactentes.

A concentração de proteína do leite humano segue um padrão temporal e diminui ao longo das várias fases de lactação. Sabe-se que os bebés amamentados têm um menor risco de doença aguda, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, comparativamente aos bebés alimentados com fórmula infantil.

Algumas proteínas do leite de vaca têm estruturas e funções semelhantes às correspondentes do leite humano, mas necessitam de ser ajustadas e adequadas às necessidades dos bebés. A tecnologia OPTIPRO (processo único que permite a otimização da proteína) permite hoje transformar estas proteínas nas fórmulas infantis, reduzindo a sua quantidade para níveis tão próximos quanto possíveis, mantendo a qualidade necessária que garante um crescimento adequado e semelhante ao dos bebés amamentados.

Artigo publicado na edição de outubro 2017 (nº 276)