Através de uma abordagem clínica exaustiva e global de cada doente, o médico de Medicina Interna está apto a lidar com múltiplas doenças que afetam vários órgãos ou sistemas, assim como com doenças raras ou pessoas ainda sem diagnóstico.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Lélita Santos, Internista e Vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

 

Medicina Interna. Num primeiro contacto com o termo, não é fácil para a maioria das pessoas perceber o que é esta especialidade e qual o seu propósito na garantia de uma melhor saúde do doente. Medicina Interna é a área clínica referente aos internos? Nada disso. A Medicina Interna corresponde, de uma forma muito genérica, à especialidade médica que trabalha o conhecimento profundo e científico das doenças, integrando os sintomas do seu doente.

ABORDAGEM EXAUSTIVA E GLOBAL

É comum ouvir-se dizer que esta é uma especialidade mais de doentes do que de doenças. E é bem verdade. O internista “veste a bata” da humanidade e do respeito, atendendo o doente como um todo e colocando-o no centro da sua atenção e no centro do sistema de saúde.

Pelo seu vasto espetro de conhecimentos, a Medicina Interna é vocacionada para a complexidade. O internista é capaz de conjugar e integrar, para aquele doente concreto, todas as orientações que as várias especialidades poderiam, isoladamente, preconizar.

Através de uma abordagem clínica exaustiva e global de cada doente, o médico de Medicina Interna está apto a lidar com múltiplas doenças que afetam vários órgãos ou sistemas, assim como com doenças raras ou pessoas ainda sem diagnóstico.

No hospital, o internista é o verdadeiro gestor do doente, que o ouve e conhece as suas prioridades, sendo assim o médico mais vocacionado para dar uma palavra amiga e atentar às necessidades da pessoa e da sua família.

Com a multiplicidade de doenças e quadros crónicos que muitos doentes apresentam, é imprescindível que haja uma especialidade clínica em que os seus profissionais sejam dotados de uma formação generalista e com várias valências, por forma a conseguir lidar com todo o tipo de doentes, em todos os tipos de contexto.

ONDE AS PESSOAS MAIS PRECISAM

Mas onde estão os internistas, concretamente? Pois bem, estes profissionais estão onde as pessoas mais precisam deles: nas consultas, no serviço de urgência, na emergência, nos internamentos hospitalares ou no domicílio, na consultadoria ao doente internado nos serviços de especialidades médicas e cirúrgicas, nos cuidados continuados, nos cuidados intensivos ou intermédios, nos hospitais de dia ou nos cuidados paliativos.

Pela sua visão abrangente, que transfere os seus esforços para o acompanhamento e tratamento (não cirúrgico) do doente adulto, de uma forma versátil e global, o médico de Medicina Interna pode ser comparado a um “maestro”, uma vez que não se centra apenas num órgão, sistema ou doença, mas tem antes uma abordagem global da pessoa.

Para além disto, o internista detém uma capacidade de coordenação de equipas multidisciplinares, uma competência que deveria ser tida como oportunidade para a construção de um modelo de organização hospitalar mais coerente e fluido. Em contexto hospitalar, os doentes deveriam ser admitidos em departamentos geridos pela Medicina Interna, que coordenaria a intervenção das outras especialidades.

Leia o artigo completo na edição de maio 2019 (nº 294)